Poesia africana

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Lá no horizonte
o fogo
e as silhuetas escuras dos imbondeiros
de braços erguidos.
No ar o cheiro verde das palmeiras queimadas.

Poesia africana.

Na estrada
a fila de carregadores bailundos
gemendo sob o peso da crueira.
No quarto
a mulatinha de olhos meigos
retocando o rosto com rouge e pó de arroz.
A mulher debaixo dos panos fartos remexe as ancas.
Na cama
o homem insone pensando
em comprar garfos e facas para comer à mesa.

No céu o reflexo
do fogo
e as silhuetas dos negros batucando
de braços erguidos.
No ar a melodia quente das marimbas.

Poesia africana.

E na estrada os carregadores
no quarto a mulatinha
na cama o homem insone.

Os braseiros consumindo
consumindo
a terra quente do horizonte em fogo.


Agostinho Neto