Poema Armado

























Que o poema venha cantando
ao ritmo contagiante do batuque
um canto quente de força,
coragem, afecto, união

Que o poema venha carregado
de amarguras, dores,
mágoas, medos,
feridas, fomes...

Que o poema venha armado
e metralhe a sangue-frio
palavras flamejantes de revoltas
palavras prenhes de serras e punhais...

Que o poema venha alicerçado
e traga em suas bases
palavras tijolantes,
pontos cimentantes,
portas, chaves, tectos, muros

E construa solidamente
uma fortaleza de fé
naqueles que engordam
o exército dos desesperados

Para que nenhuma fera
não mais galgue escadas
à custa de necessidades iludidas...

E nem mais se sustente
com carne, suor e sangue
dum povo emparedado e sugado
nos engenhos da exploração!



Oubi Inaê Kibuko