Serão de menino

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Na noite morna, escura de breu,
enquanto na vasta sanzala do céu,
de volta das estrelas, quais fogareus,
os anjos escutam parábolas de santos...

na noite de breu,
ao quente da voz
de suas avós,
meninos se encantam
de contos bantus...


"Era uma vez uma corça
dona de cabra sem macho...
......................................
...Matreiro, o cágado lento
tuc...tuc...foi entrando
para o conselho animal...

("Não tarde que ele chegou!")
Abriu a boca e falou -
deu a sentença final:
"-Não tenham medo da força!
Se o leão o alheio retém
-luta ao Mal! Vitória ao Bem!
tire-se ao leão - dê-se à corça."


Mas quando lá fora
o vento irado nas frestas chora
e ramos xuxualha de altas mulembas
e portas bambas batem em massembas
os meninos se apertam de olhos abertos:


- Eué


- É cazumbi...


E a gente grande -
bem perto dali
feijão descascando para o quitende -
a gente grande com gosto ri...

Com gosto ri, porque ela diz
que o cazumbi males só faz
a quem não tem amor, aos mais
seres busca, em negra noite,
essa outra voz de cazumbi
essa outra voz - Felicidade...





Viriato da Cruz
1 Response
  1. Belo poema, meu amigo.
    Relembrando o nosso Viriato da Cruz.
    Um abraço