Acalmia ruidosa. Em quatro sinos

















1. instante inicial

eis a história das sílabas igualmente
os confins das linhas de água.
a alegria peregrina percorre cidadelas
como as sentinelas do mar: as águas
vêm dar à beleza das sílabas
como se houvesse um luminoso
reencontro: era o instante inicial.


2. primeiro instante intermédio

esperava que a paisagem pintasse
noites vizinhas. e insígnias rebuscando
cacimbos numa desconhecida povoação.
porém, apareceram riozinhos esverdeados
iluminando armadilhas, angústias
e telas infernais: a nação comum
encerrando torturas sobre as lágrimas.


3. segundo intermédio

parecia um reino de pasto fascinante
suficiente para enriquecer estômagos estranhos.
precioso? os rios não diziam o contrário.
e desfilava maldita miséria insuficiente
para desencantar a plenitude humana.
em reino que raspava a fortuna
crescia a flor do dia frequentando
abraços virgens. Ricos em sonhos enfeitiçados.


4. instante final

teria o solo da eternidade outras cinzas?
onde adormece o abrigo crescem
um insondável silêncio e delicadas
folhas cuja cor saúda a origem da sombra:
todas as cinzas pronunciavam a eternidade.
era a repetição dos passos e imagens.
imagens estáticas do milénio anterior.



João Maimona
4 Responses
  1. Carocha Says:

    Belíssimo poema,

    Obrigada!


  2. Unknown Says:

    Querido amigo...
    Há muito venho passando por cá em silencio, para ler-te, rever-te e, assim, saber como estás...
    Hoje paro para deixar flores, beijos e muitos sorrisos e o convite para que participes de um pequeno "desafio" que te deixei lá no Eu Sei Que Vou Te Amar...
    Espero que gostes e que possas participar... :o)


  3. Koluki Says:

    Com que entao de NOVO VISUAL hein?!
    Mas sempre com a mesma alta qualidade grafica, tecnica e visual... e a mesma incomparavel seleccao de boa poesia!

    PARABENS RENOVADOS!!!


  4. Palavras fantásticas. Magníficas!!! bjs