As idades da pedra II

















Foto de Krzysztof Ciborowski




As pálidas luas das tuas mãos negras,
os olhos da paisagem insular,
teu corpo conspirando com a noite,
(beijo africano de húmidas pressões),
toda a claridade da hora aprofundada
no ventre generoso e farto.

A viagem regressiva aos ancestrais:
O reencontro para lá da linha quebrada,
oculta no tempo; justificacão
de sermos outra vez humanos, simples,
tudo nas pálidas palmas das mãos
quando, materna, apresentaste o peito
à concha do ouvido para que ouvisse
o rumor da noite longínqua
e permitiste ao sono que viesse, amável,
na grande verdade a nosso respeito.
e em toda aquela aurora sem mentira
arborizando o corpo quebrantado
ansiávamos o dia para celebrarmos
o cacimbo matinal em nosso olhar
no fresco odor da casa de madeira.





Cândido da Velha
In “As idades de pedra”