Sumidouro























I
Tocas a fímbria dos desfiladeiros,
fruindo a cor do figo e da romã
no nascente e secreto sumidouro.
É tarde nas folhas e nos muros,
nas sombras do tanque de lodo e musgo,
é tarde já. é noite – e o sol vem vindo
e a primavera vindo onde a água
é o mel feroz de pássaros em tua língua,
onde o amor deságua em delta e tudo é fogo.



II
Direi então: amor é onde
o junco alto e as dunas soam mais brando
e os frutos cheiram mais e são mais doces,
onde há a embriaguez e uma tensão
de corda esticada no limite
e tudo é lasso, onde
as abelhas perdem a ferocidade
sendo mais mel, onde tudo é ordem e labirinto




Olga Savary
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