Chama quente
















Gosto de ti apaixonadamente
De ti, és a vitória, a salvação
De ti que me trouxeste pela mão
Até o brilho desta chama quente

A tua linda voz de água corrente
Ensinou-me a cantar... e essa canção
Foi ritmo nos meus versos de paixão
Foi graça no meu peito de descrente

Bordão a amparar minha cegueira,
Da noite negra o mágico farol,
Cravos rubros a arder numa fogueira!

E eu, que era no mundo uma vencida
Ergo a cabeça ao alto, encaro o sol!
― Águia real, apontas-me a subida!



Florbela Espanca








Raimundo Fagner