Nova Canção da Vida


















O meu ideal, a minha felicidade,
é ter uma cubata, mesmo ali
dentro do mato, longe da cidade,
mas sempre, meu amor, ao pé de ti.

O culto da cidade em desprezo do mato!
Eu não conheço nenhum mal maior.
O meu ideal é este, e nele me retrato:
– o mato, uma cabana, o nosso amor...

Ter um jardim cercando o nosso lar
(é lar uma cubata se Deus quer
que nela, sempre, o homem e a mulher,
em sonho e obra, sejam par e par);

ter lavras de feijão e de batatas,
de milho, de ginguba e de mandioca,
para nós dois e para quanta boca
de fome houvesse ali pelas libatas;

gozar o bucolismo das paisagens
(aqui, uma palmeira; além, uma mulemba...);
e admirar a loucura infantil dos selvagens
no prazer da rebita e da massemba;

ter mesmo ao pé da casa uma mangueira,
que desse sombra e fruto ao cansado viajor;
de dia, trabalhar em lida meeira;
à noite, adormecer na benção do Senhor...

– Vamos viver assim a vida inteira,
vamos viver assim, ó meu amor!



Geraldo Bessa Victor