Noiva





















Eu te daria frescas flores de laranjeira
para uma grinalda na carapinha desfrisada.

Eu te daria um colar de missangas coloridas
para uma cruz de outra carne a fogo marcada
sobre o seio esquerdo ao rasgar da virgindade.

Eu te daria um trevo de quatro folhas verdes
para que te nascesse o primeiro filho varão.

Eu te daria se não fosses a noiva de todos
fazendo bandeira com uma capulana garrida
às nove da noite naquela rua de areia
suburbana. Uma rosa encarnada se desfolha
na fonte do teu corpo em cada lua nova como
se fosses a virgem noiva a quem eu daria
flores de laranjeira, um colar e um trevo
que te darei talvez para usares quando não
puderes ser noiva de todos fazendo bandeira
às nove horas da noite naquela rua de areia.



Orlando Mendes