«É inutil chorar»; «É preciso não aceitar»
quinta-feira, outubro 07, 2004
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Batuque, de André-Hallet
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A grave ameaça que pende sobre todos nós, a ameaça á liberdade de pensamento, de expressão e de crítica, recordaram-me a necessidade de acordarmos da letargia fazendo troar os tambores num «Batuque da Liberdade» e o poema de António Cardoso «É inutil chorar»:
É inutil mesmo chorar
«Se choramos aceitamos, é preciso não aceitar»
por todos os que tombam pela verdade
ou que julgam tombar.
O importante neles é já se sentir a verdade
de lutar por ela.
Por isso é inútil chorar.
Ao menos se as lágrimas
dessem pão,
já não haveria fome.
Ao menos se o desespero vazio
das nossas vidas
desse campos de trigo...
Mas o que importa é não chorar.
«Se choramos aceitamos, é preciso não aceitar»
Mesmo quando já não se sinta calor
é bom pensar que há fogueiras
e que a dor ilumina
Que cada um de nós
lance a lenha que tiver
mas que não chore
embora tenha frio.
«Se choramos aceitamos, é preciso não aceitar»