Nunca é tarde
quinta-feira, maio 04, 2006
![](http://photos1.blogger.com/blogger/8158/519/320/cais_.jpg)
Foto de Paulo Monteiro em Album de Fotos Santo Antão (Cabo Verde)
Quando no cais só fica ancorada
A indiferença e já não resta nada
Senão as ilusões a que te agarras.
Ouve a voz inefável das guitarras
Tingindo de paixão a madrugada
No fim duma viagem povoada
Do canto indecifrável das cigarras.
Saberás então que há sempre um começo
No profano rio em que a vida arde,
E é nessa maré viva que estremeço.
Mas, ainda que saibas que nunca é tarde,
Não tardes, que sem ti eu anoiteço,
E não peças jamais ao rio que aguarde.
António Tomé