Portugal
quinta-feira, dezembro 14, 2006
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiVgI-tAYonSwTm2CO11Dq5y-_-G6_AqY9pQZXj7OVWQN7GcERUOmtLhhPNa2JIkDhBIlLkX61xHwyf_9DrJILFyYdbyBECS-RswhXBOBMU0qF7l-eFomZrj36nQraaJSp4KBZbBA/s320/SunsetnearLisbonPortugal.jpg)
Do mar Atlântico na margem pura
se senta uma matrona desgrenhada
ao pé da serrania coroada
de triste pinheiral. Nos joelhos dura
os cotovelos pousa, e o rosto na mão,
e crava ansiosos olhos de leoa
no sol poente, e o mar em frente entoa
de maravilhas a fatal canção.
Diz-lhe de longes terras e de azares,
enquanto ela os pés banha nas espumas,
sonhando absorta o trágico império
que se abismou nos tenebrosos mares,
e fita que entre as agourentas brumas
se alca D. Sebastião, rei do mistério.
Miguel de Unamuno
(tradução de Jorge de Sena)