sábado, março 10, 2018
Cacusso
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sábado, março 10, 2018
Cacusso
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sábado, março 10, 2018
Cacusso
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta que dissesse
deste anseio
de te ver
deste receio
de te perder
deste mais bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta de confidências íntimas,
uma carta de lembranças de ti,
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
que recordasse nossos tempos a capopa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucura
da nossa paixão
e a amargura da nossa separação...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
que a não lesses sem suspirar
que a escondesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kieza
que a relesses sem a frieza
do esquecimento
uma carta que em todo o Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...
Eu queria escrever-te uma carta
amor,
uma carta que ta levasse o vento que passa
uma carta que os cajús e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levassem puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor....
Eu queria escrever-te uma carta...
Mas ah meu amor, eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem
que tu não sabes ler
e eu - Oh! Desespero! - não sei escrever também
António Jacinto
1961, Luanda
Publico pela enésima vez um dos mais belos poemas da língua portuguesa.
Um poema que já tem "história" que um dia destes conto.
Deixo a belíssima versão musicada.
https://www.youtube.com/watch?v=CNMj9EDKwyI
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sábado, março 10, 2018
Cacusso
De regresso...
Depois de uma passagem frustrante pelo
Facebook regresso ao local de partida.
Não se deve voltar ao local onde fomos felizes - as elevadas expectativas levam, normalmente a novas frustrações.
Espero estar enganado embora no regresso tenha sido "avisado" do conteúdo impróprio de praticamente tudo o que publiquei até aqui - o que é espantoso!!
Não sou fanático seja do que fôr e há apenas coisas que me complicam com os nervos - mexerem com o meu direito a ser livre e de me exprimir de acordo com a minha consciência, sendo minha prática não afirmar nada sem o justificar.
O minha presença aqui tem, como sempre teve, a intenção de divulgar a cultura lusófona e variadíssimos outros temas que vão desde o humor á ciência.
Vou ver se consigo actualizar o blog - há muitos links que estão mortos.
Não sei se conseguirei mexer no template mas logo se vê...
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