O barco
















Vai barco!
Leva contigo minha solidão.
Sozinha estou.
Abandonaram-me a paz, a harmonia, a vontade de ser.
Deixaram-me aqui a padecer de sonhos e esperanças.
Esperanças que alimentam sonhos...
Sonhos que me ajudam a viver.

Vai barco!
Leva contigo minha tristeza.
A tristeza é feia e eu tenho medo.
Medo de não voltar a ser feliz como um dia fui.
Medo de me acostumar à mesmice do cotidiano.
Medo de não voltar a ver meu sorriso...
Sorriso que já não flui.

Vai barco!
Leva contigo minha amargura.
A amargura dói e faz doer.
Quero de volta minha alegria.
Alegria às vezes sinto por amar e saber-me amada;
Mas com medo de fazer sofrer.

Vem barco!
E traz contigo tudo o que perdi.
Enche-me de esperanças,
Que alimentam meus sonhos,
Que espantam essa tristeza,
Que me devolvem o sorriso,
Que expulsam a amargura,
Que me refazem de alegrias,
Que me permitem amar e querer viver.



Foto e poema de
Carmem L Vilanova

Coisa amar


















Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.


Manuel Alegre

As muralhas da Noite




A mão ía para as costas da madrugada

As mulheres estendiam as janelas da alegria

onde não se apagavem as alegrias

Entre os dentes do mar acendiam-se braços

Os dias namoravam sob a barca do espelho

Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia

E da chuva de barcos chegavam colchões,

camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas

onde cantavam soldados de capacetes

para pintar no coração da meia-noite

Eram os barcos que guardavam as muralhas

da noite que a mão ouvia nas costas

da madrugada entre os dentes do mar...




João Maimona

O Milagre da Vida














Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.


Albert Einstein

Uma história real!