Serenata




















Caem à noite pedras
sobre o templo
do silêncio
de espaço
um ruído de automóvel
um toque de sinos de uma igreja
monotonia diurna que não quebra
a queda das pedras
no silêncio

De dia o templo é
noite
e à noite há o silêncio
o esgaravatar de uma gaivota em fogo
o estalar de folhas novas
numa árvore
sabendo a vício este cigarro
de cheira a seiva dos pinheiros

E as pedras caem
como chuva ou neve
todas as noites que noites
já são poucas

E a seiva pedra sobre o templo
e a gaivota
o vício
a folha
quebrando este silêncio

Onde as guitarras?
Os quissanges acontecem longe



Manuel Rui
In “No reino de Caliban II
- antologia panorâmica de poesia africana
de expressão portuguesa
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1 Response
  1. nectardajuci Says:

    Ai que delícia estar mais perto do meu amigo tão querido!
    Mil beijinhos com carinho pra vc!