O pássaro
domingo, dezembro 14, 2008
Quando ele apanhou o pássaro
cortou-lhe as asas.
O pássaro voou mais alto.
Quando voltou a apanhar o pássaro
cortou-lhe as patas.
O pássaro deslizou como uma barca.
Furioso, cortou-lhe o bico.
O pássaro cantou com o seu coração,
como canta uma harpa.
Então cortou-lhe o pescoço.
E de cada gota de sangue
Saiu um pássaro mais brilhante.
Nada continua a ser mais caro,
ao Poeta, que a liberdade.
Maurice Carême
Tradução de António Ramos Rosa
Um belíssimo poema, desconcertante mas ainda assim ao alcance do poeta. Excelente.
Obrigado por me teres colocado nos teus "Produtos de Excelência". Não sei se o mereço...
Bom Natal, abraço.