Sinestesia

















À página «cento e vinte e sete» de Gedeão


A ti,
que eu não conheço e amo
com a intensidade das marés
em dia de calema na restinga do Lobito

A ti,
que eu não conheço e amo
com as cores das queimadas
que iluminam os planaltos do Huambo e do Bié
A ti,
que eu não conheço e amo
com o cheiro a mangas e maresia do Mussulo
A ti,
que eu não conheço e amo
no café torrado do Kwanza Sul e Kwanza Norte

A ti,
que eu não conheço e amo
com a doçura de itebe e saka-foya de Cabinda

A ti,
que eu não conheço e amo
e ainda degusto no veado e na pacaça da Quiçama

A ti, meu amor
eu ofereço toda a sinestesia
desta terra onde nasci
e onde espero um dia conhecer-te.



Anny Pereira