Cajueiro plantado no cérebro
terça-feira, julho 25, 2006
- Oh, velho, disforme, cambuta, retorcido, feio-
-maravilhoso cajueiro da minha infância!
Vem de longe estender tua sombra amiga
Sobre meu corpo longo de suor e desespero...
Traz-me a carícia de tuas folhas-
-paraus de piratas nas lagoas da chuva
(Estou longe, quero regressar à minha terra...)
O suave aroma de teus ramos de pele encarquilhada, resinando,
Os esconderijos de teus braços nos cigarros proibidos.
Vem de longe, desse fundo sem eco da distância,
E traz-me a doce fragrância de um só caju maduro
Marcado com meu nome e data
E que os outros não descobriram...
Oferece-me a última vez que seja na vida
Teus ramos tenros para marinhar
Acrobacias impossíveis:
- Énu mal'ê! Énu mal'ê
António Cardoso
In Chão de exílio