O espantoso
texto que o
Denudado publica no seu brilhante
A Matéria do Tempo (e que também já recebi por email) recordou-me um outro que encontrei pela primeira vez no site da
TSF, em Fevereiro de 2003, quando a página daquela rádio era um espantoso fórum...
Alguns recordar-se-ão. Aqui fica.
Olhando para trás, é difícil acreditar que estejamos vivos.
Nós viajávamos em carros sem cintos de segurança ou air bag.
Não tivemos nenhuma tampa à prova de crianças em frascos de remédios, portas, ou armários e andávamos de bicicleta sem capacete, sem contar que pedíamos boleia. Bebíamos água directamente da mangueira e não da garrafa.
Gastámos horas a construir os nossos carrinhos de rolamentos para descer ladeira abaixo e só então descobríamos que nos tínhamos esquecido dos travões. Depois de colidir com algumas árvores, aprendemos a resolver o problema.
Saíamos de casa de manhã, brincávamos o dia inteiro, e só voltávamos quando se acendiam as luzes da rua.
Ninguém nos podia localizar.
Não havia telemóveis.
Nós partimos ossos e dentes, e não havia nenhuma lei para punir os culpados. Eram acidentes. Ninguém para culpar, só a nós próprios.
Tivemos brigas e esmurramos uns aos outros e aprendemos a superar isto.
Comemos doces e bebemos refrigerantes mas não éramos obesos.
Estávamos sempre ao ar livre, a correr e a brincar.
Compartilhamos garrafas de refrigerante e ninguém morreu por causa disso.
Não tivemos Playstations, Nintendo 64, vídeo games, 99 canais a cabo, filmes em vídeo, surround sound, telemóveis, computadores ou Internet.
Nós tivemos amigos. Nós saíamos e Íamos ter com eles. Íamos de bicicleta ou a pé até casa deles e batíamos à porta.
Imaginem tal uma coisa! Sem pedir autorização aos pais, por nós mesmos! Lá fora, no mundo cruel! Sem nenhum responsável!
Como conseguimos fazer isto?
Fizemos jogos com bastões e bolas de ténis e comemos minhocas e, embora nos tenham dito que aconteceria, nunca nos caíram os olhos ou as minhocas ficaram vivas na nossa barriga para sempre.
Nos jogos da escola, nem toda a gente fazia parte da equipa. Os que não fizeram, tiveram que aprender a lidar com a decepção...
Alguns estudantes não eram tão inteligentes quanto os outros. Eles repetiam o ano! Que horror!
Não inventavam testes extras. Éramos responsáveis por nossas acções e arcávamos com as consequências.
Não havia ninguém que pudesse resolver isso. A ideia de um pai nos protegendo, se não respeitássemos alguma lei, era inadmissível! Eles protegiam as leis!
Imaginem! A nossa geração produziu alguns dos melhores compradores de risco, criadores de soluções e inventores.
Os últimos 30 anos foram uma explosão de inovações e novas ideias. Tivemos liberdade, fracasso, sucesso e responsabilidade, e aprendemos a lidar com isso.
Tu és um deles? Parabéns!