Finalmente a verdade



















Óleo de Gerhard Richter, aqui




Estava linda e purpurina
Saciando a fome e sede à solidão,
Quando de entre as mãos sujas,
Do Carteiro amarfanhado,
Estremeci ao tocar na mensagem
Vinda dos roseirais.

Mandaram-me os delírios da discórdia,
Os insultos de paixões sovinas egoístas.
Mandaram-me o corpo e
A mulher negra tão amada.
Mandaram-me o filho,
Por mim mal parido.

Lágrimas correram ao ter nas mãos
A mensagem que não tinha,
O cheiro doce dos roseirais,
Nem a cor mimosa das flores sensuais.

Continha, sim, finalmente a verdade;
Das epopeias de um amor repudiado.

Faltava pouco amor,
Para te encontrar então nas esquinas
Mais queridas das cidades,
Que em múltiplos orgasmos imorais,
Naufragávamos juntos para além,
Além dos roseirais!




Ana Maria Branco