Plano tecnológico do PSD...


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Chão da Lagoa: Dirigível ia sobrevoar festa do PSD
Zepelim do PND abatido a tiro




Três tiros de caçadeira disparados por desconhecidos "entrincheirados numas árvores" deitaram ontem por terra a intenção do PND-Madeira de sobrevoar com um Zepelim a festa do Chão da Lagoa, organizada pelos sociais-democratas madeirenses, que reúne milhares de pessoas todos os anos.

Os autores dos disparos não estão identificados, mas já foi apresentada queixa contra desconhecidos, segundo o PND.

O dirigível, comprado em Belgrado pelo PND, no qual se podia ler "O PND voa mais alto" e "olho na ladroagem", estava estacionado no parque ecológico do Funchal, na zona oposta ao Chão da Lagoa.

"O clima já era hostil ontem à noite [sábado, dia 25]", relata ao CM José Manuel Coelho, deputado polémico do PND na Assembleia Legislativa Regional, aludindo ao facto de o dirigível estar estacionado no local na véspera da festa. A Polícia Judiciária foi chamada para averiguar o incidente.

"O dirigível está murcho, no chão e, entre chatear Alberto João Jardim e a eventualidade de ferir alguém, optámos por não continuar com a iniciativa", afirmou Gil Canha, dirigente do PND.

"Quando estávamos a calibrar o dirigível para ir directo ao Chão da Lagoa, foram disparados três tiros que atingiram e furaram o equipamento, assustando algumas pessoas que estavam a acampar no local", descreveu Gil Canha, considerando que o PND não poderia continuar a iniciativa em nome da segurança dos participantes da festa.

O Zepelim, autocomandado, estava devidamente autorizado pelo Instituto Nacional de Navegação Aérea, tem sete metros e três motores, cada um com um quilo e potência de cinco mil amperes.

"Era uma brincadeira inocente", concluiu José Manuel Coelho, com mágoa por não ter realizado o voo na festa social-democrata.


Encantamento


De foto de "Angola em Fotos"





Vi as mulheres azuis do equinócio
voarem como pássaros cegos; e os seus corpos
sem asas afogarem-se, devagar, nos lagos
vulcânicos. Os seus lábios vomitavam o fogo
que traziam de uma infância de magma
calcinado. A água ficava negra, à sua volta;
e os ramos das plantas submersas pelas chuvas
primaveris abraçavam-nas, puxando-as num
estertor de imagens. Tapei-as com o cobertor
do verso; estendi-as na areia grossa
da margem, vendo as cobras de água fugirem
por entre os canaviais. Espreitei-lhes
o sexo por onde escorria o líquido branco
de um início. Pude dizer-lhes que as amava,
abraçando-as, como se estivessem vivas; e
ouvi um restolhar de crianças por entre
os arbustos, repetindo-me as frases com uma
entoação de riso. Onde estão essas mulheres?
Em que leito de rio dormem os seus corpos,
que os meus dedos procuram num gesto
vago de inquietação? Navego contra a corrente;
procuro a fonte, o silêncio frio de uma génese.



Nuno Júdice

Sem nada de meu




Dei-me inteiro. Os outros
fazem o mundo (ou crêem
que fazem) . Eu sento-me
na cancela, sem nada
de meu e tenho um sorriso
triste e uma gota
de ternura branda no olhar.
Dei-me inteiro. Sobram-me
coração, vísceras e um corpo.
Com isso vou vivendo.


Rui Knopfli

A pedra no caminho





Toma essa pedra em tua mão,
toma esse poliedro imperfeito,
duro e poeirento. Aperta em
tua mão esse objecto frio,
redondo aqui, acolá acerado.
redondo aqui, acolá acerado.

Segura com força esse granito
bruto. Uma pedra, uma arma
em tua mão. Uma coisa inócua,
todavia poderosa, tensa,
em sua coesão molecular,
em suas linhas irregulares.

Ao meio-dia em ponto, na avenida
ensolarada, tu és um homem
um pouco diferente. Ao meio-dia
na avenida tu és um homem
segurando uma pedra. Segurando-a
com amor e raiva.



Rui Knopfli

Explicação




Porto de abrigo
de naus carregadas de tristeza
vindas das índias longínquas
do coração negro

banham-me ondas
feitas de desejo e pranto

e trazem-me as brisas
os cantares de homens gemendo
sob o peso da angústia.

Por isso
não demoro meus olhos
sobre as belezas do mundo
seus pores-de-sol
montanhas azuladas
seus mares bonançosos.

Que me importa
o perfume das rosas
os lirismos da vida
se meus irmãos têm fome?

Todo o meu ser se debruça
ante o drama da História
que nos legou
esta alma triste
de submissão e sofrimento

Todo o meu ser
vive
o querer dos homens sem norte
à procura
de Certeza



Agostinho Neto

Meditemos





"(...) Quando morreu a consciência do povo, falou-se em autoridade do governo e lealdade dos cidadãos."


Lao-tsé



Não morreu...ainda.

Todos os dias
seja como fôr
o veneno que a ilude é inoculado,
misturando e confundindo realidades.

Ventos do deserto
transportarão gritos...
mil vezes aumentados.
Imagens irreais.

Uns dirão que o vento empurra
el-rey Dom Sebastião
e que a voziaria outra coisa não é
que a alegria da libertação.

Outros oráculos predirão
serem de sofrimento os gritos... que mais não são que o vento,
de redenção e de futuro as imagens... que outra coisa não são que miragens.

Miragens e uivos do vento,
eis tudo o que nos é oferecido.

No dia em que o povo
aceite a morte da sua consciência,
abraçará bovinamente
a dádiva dos falsos salvadores,
dos monstros lamacentos,
que se pretendem fazer passar
por gloriosas fénix renascidas,
cândidas e impolutas virgens.

Não há vento que sempre dure,
nem miragem que não acabe.

Nenhum povo deixará que lhe matem a consciência.

Aquele que o fez, arrependeu-se!



Cacusso

Para ti




Olhos perdidos perscrutando o mar...
... Para lá... que horizontes se marcaram?...
– África d’oiro e sonho! a perdurar
lembranças d’outros dias que passaram...

O curso?... – Uma aventura!...
A vida?... – Um bem, firmado em grandes Ideais!...
Depois...
(que importa o que é «depois»,
quando se tem a certeza
de sermos sempre DOIS!?...)



Alda Lara

Canção de Embalar Meninos Pretos


Foto de "Angola em Fotos"




“Para ser cantado por um macio coro de anjinhos com um fundo
de música de violino e órgão litúrgico, muito suave. Às vezes
ouve-se um soluço, mas isso não é da partitura...”


O negro já não é fera
Nem curiosidade de feira...
O negro já não assusta
Nem diverte
As grandes crianças brancas...
(Pelo menos de pele branca...)
O negro hoje é bom,
E é sério,
Não ri...
O negro, hoje, trabalha,
Calado e certo como uma máquina...
Sai à pesca do atum
E às vezes morre no mar...
(E é uma maçada,
Porque os contratados são poucos...)
E corta o céu de lado a lado com a enxada...
E às vezes leva pancada...




Agostinho Neto

Vanishing Breed




Este video provém do excepcional canal de katydidscorner no YouTube que merece uma longa visita.