A descoberta da Australia pelos portugueses




















“Desde há mais de 25 anos que tento divulgar estas teorias que deveriam encher de orgulho e justificado interesse em aprofundar tais estudos, todos os que se interessam pela língua, cultura e história portuguesas mas apenas escutei o silêncio cúmplice dos que se sentem culpados do Tratado de Tordesilhas ter sido violado.

Recordemos que até 1832 a Inglaterra não reconheceu como suas as possessões da Austrália Ocidental aguardando que Portugal as reclamasse. Quem sabe se hoje não teríamos metade deste enorme continente a falar Português? Decerto que muitos dos cerca de um milhão de aborígenes poderiam não ter sido exterminados como foram e a Austrália poderia ser mais multirracial do que é.

Este era o tema do tal documentário ficcionado que apresentei à televisão SBS., e à ABC. Ambas as teses aqui delineadas hoje deviam constar dos programas curriculares portugueses como já constam de muitos dos programas australianos. “


J. Chrys Chrystello


Para continuar a ler o excelente artigo, sugiro uma visita a "Página Um".
Vai valer a pena.

1º poema de queixuma muxiluanda














Foto de "Crónicas da Terra Ardente"




nasce peregrino sorriso sobre o asfalto
no alto da noite que guia os pés
um sorriso prostrado na alma da mão prostrada
arisco sobre o asfalto petisco de uma gestação
palco de maratona visto do dorso da poltrona
desfraldada partitura de uma guitarra dúlcida guitarra
circundante e domiciliar
domiciliar e circundante
na ebriez da árvore semeada de pássaros
no remoinho da seiva da anónima pedra que se ergue
no mastro da chuva
esculpe outro sorriso de costas virado ao sexo de ninfa
sem pretensão e sem geração
sem geração e sem pretensão



Trajanno Nankhova Trajanno

You need me




Vale a pena recordar.
Melodia lindíssima.

amar é mesmo assim



















Foto de Alexander Vassilenko, via "O Jumento"






ela tem uma ave nos contornos de mulher
e me vê com as escleróticas em fuga.
deixa-se ir ao tempo com um corpo de
enche a embala com o seu todo.
ela emergiu da “casa inabalável”
e victoriosa depôs o soba.
rendo-me à vassalagem quero-a solta e rica.
certo ou incerto os sonhos errados
tornam-se vivos: como um compêndio
mil escrituras no amor que gesticulo.



João Tala

SIDA em Africa

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O amor




Poema de Kahlil Gibran

Desejo




















Aterra-me nos lábios
Com teus beijos
E deixa-me voar nas asas do sonho
Iludido ainda por viver…

Navega-me
O corpo impuro
Do meu casco imaturando,
Com as ondas crespas e revoltas
Do teu negro e revolto cabelo.

Viaja por mim
Teu corpo em carícias
De voltas ao Mundo:
Sejam abraços tão fundos
Sem nunca lhes medir o fim!



António Cardoso

Lisboa perto e longe




1972, São Salvador do Congo, nesta altura do ano.
Na rubrica de "Discos Pedidos" a Rádio Voz do Zaire transmitiu a meu pedido esta belíssima canção de José Cid.
Era novo, a saudade do Puto ainda mordia...

"Aqui Portugal, Estado de Angola, de São Salvador transmite a Rádio Voz do Zaire" (Rádio Xifuta, na versão sarcástica dos estudantes da secção do Liceu Salvador Correia de Sá)

Na versão original a interpretação vocal era apenas de José Cid.
Curioso é o facto de esta versão integrar a voz e as violas de Waldemar Bastos, nascido em 1954, justamente em M'Banza Congo, ex-São Salvador do Congo.

Em obras...




































Do mesmo modo que as estradas para Cabinda, esta "espelunca" necessita de algumas obras...

Já estão iniciadas, confesso que não estou completamente satisfeito com o trabalho do empreiteiro.

Por isso, vou continuar a tentar melhorar o que já está feito.

Os meus amigos merecem o melhor.

Abraço a todos e, se não nos virmos antes, um Feliz Natal para todos e o desejo que o novo ano traga mais saúde e a concretização de todos os desejos.

Imagens de Angola





Angola
As imagens e a voz de Teta Lando

Os grandes indiferentes


















Grafitti em Lisboa (Campolide)




Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.

À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.

Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.

Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.

Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.

Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.

Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.

Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.

A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.

Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.



Ricardo Reis
in "Odes"