Canção de amor de uma negra









Eu te cantei canções de amor
enquanto eles nos jogaram
juntos
entre as baratas e os ratos
no porão do navio negreiro.

Eu te cantei canções de amor
quando naquele buraco fétido
eu te ajudei a ficar vivo
para enfrentar a luta no novo mundo.

Eu te cantei canções de amor
quando eles nos colocaram
à venda no leilão
e te levaram para o leste
me arrastando para o norte.

Eu te cantei canções de amor
entre os meus gritos
de dor
te implorando
Por favor nunca te esqueças de mim.

Eu te cantei canções de amor
quando eles me levaram
para ser sua concubina
e te levaram
para ser seu garanhão.

Eu te cantei canções de amor
até quando eu deixei
de ser a concubina deles
mas não pudeste deixar de ser
seu garanhão.

Eu te cantei canções de amor
quando a backra-massa
nos jogou pra fora de nossas terras
pagas com nosso suor e sangue.

Eu te cantei canções de amor
quando tu disseste
“Se não podemos vencê-los
vamos nos unir a eles”
e ficaste com a backra-missus.

Eu te cantei canções de amor
quando tivemos nossas cabeças
quebradas
juntos
nas demonstrações pelo direito
de falar, de fazer greve
de politizar
de organizar.

Eu te cantei canções de amor
quando tu choraste no meu peito
e eu esfreguei ervas medicinais
nos teus ferimentos
ambos
esquecendo
que os meus próprios intestinos estavam rasgados
e rasgados de feridas.

Eu te cantei canções de amor
quando pegamos em armas
contra o inimigo
para resgatar nossa dignidade.

Eu te cantei canções de amor
mesmo quando tu renegaste
o nosso filho
concebido com a tua semente apressada
disparada no meu útero
num dia de folga.

Eu te cantei canções de amor
depois da guerra
quando trabalhamos juntos
para reconstruir um povo inteiro
e um país livre.

Eu te cantei canções de amor
quando tu me disseste
que eu já não era esperta o suficiente
para freqüentar os jantares de Estado
para os quais tu já eras convidado.

Eu continuo te cantando
canções de amor
mesmo quando canções de ódio
ameaçam sufocar até a minha alma.

Eu te canto canções de amor
homem-negro
para que tu possas entender
que eu te quero
forte
do meu lado
me cantando canções de amor também.



Elean Thomas

Soneto





Por que me descobriste no abandono
Com que tortura me arrancaste um beijo
Por que me incendiaste de desejo
Quando eu estava bem, morta de sono

Com que mentira abriste meu segredo
De que romance antigo me roubaste
Com que raio de luz me iluminaste
Quando eu estava bem, morta de medo

Por que não me deixaste adormecida
E me indicaste o mar, com que navio
E me deixaste só, com que saída

Por que desceste ao meu porão sombrio
Com que direito me ensinaste a vida
Quando eu estava bem, morta de frio



Florbela Espanca

Noites




Noites africanas langorosas,
esbatidas em luares...,
perdidas em mistérios...
Há cantos de tungurúluas pelos ares!...


Noites africanas endoidadas,
onde o barulhento frenesi das batucadas,
põe tremores nas folhas dos cajueiros...


Noites africanas tenebrosas...,
povoadas de fantasmas e de medos,
povoadas das histórias de feiticeiros
que as amas-secas pretas,
contavam aos meninos brancos...

E os meninos brancos cresceram,
e esqueceram
as histórias...

Por isso as noites são tristes...
Endoidadas, tenebrosas, langorosas,
mas tristes... como o rosto gretado,
e sulcado de rugas, das velhas pretas...
como o olhar cansado dos colonos,
como a solidão das terras enormes
mas desabitadas...

É que os meninos brancos...,
esqueceram as histórias,
com que as amas-secas pretas
os adormeciam,
nas longas noites africanas...

Os meninos-brancos... esqueceram!...



Alda Lara

Queixa das almas jovens censuradas...





Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade


Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte



Natália Correia
in "O Nosso Amargo Cancioneiro"

Meditemos

Eu queria ser um sábio
















I

Nos livros antigos está escrito o que é a sabedoria:
Manter-se afastado dos problemas do mundo
e sem medo passar o tempo que se tem para
viver na terra;
Seguir seu caminho sem violência,
pagar o mal com o bem,
não satisfazer os desejos, mas esquecê-los.
Sabedoria é isso!
Mas eu não consigo agir assim.
É verdade, eu vivo em tempos sombrios!

II

Eu vim para a cidade no tempo da desordem,
quando a fome reinava.
Eu vim para o convívio dos homens no tempo
da revolta
e me revoltei ao lado deles.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.
Eu comi o meu pão no meio das batalhas,
deitei-me entre os assassinos para dormir,
Fiz amor sem muita atenção
e não tive paciência com a natureza.
Assim se passou o tempo
que me foi dado viver sobre a terra.

III

Vocês, que vão emergir das ondas
em que nós perecemos, pensem,
quando falarem das nossas fraquezas,
nos tempos sombrios
de que vocês tiveram a sorte de escapar.

Nós existíamos através da luta de classes,
mudando mais seguidamente de países que de
sapatos, desesperados!
quando só havia injustiça e não havia revolta.

Nós sabemos:
o ódio contra a baixeza
também endurece os rostos!
A cólera contra a injustiça
faz a voz ficar rouca!
Infelizmente, nós,
que queríamos preparar o caminho para a
amizade,
não pudemos ser, nós mesmos, bons amigos.
Mas vocês, quando chegar o tempo
em que o homem seja amigo do homem,
pensem em nós
com um pouco de compreensão.



Bertold Brecht

É duro de encarar o sol que brilha



















É duro de encarar o sol que brilha
e nada pode, a cólera do touro
contra a manada dos areais do rio.
Quem recebeu a cauda
a cauda arrastará.
Não basta juntar a lenha
para recolher os molhos:
é preciso que a maldade os não desfaça.

Sujeito-me a vestir as velhas peles
e olho à volta
atento ao que se passa.
Eu sei que há luz e sombra
Nuvens e chuva...
Mas chegará a minha voz aos vossos pés
como aos da onça o grito da capota?

Guarda a cigarra o seu canto
perante a voz dos tambores.



Ruy Duarte de Carvalho

Meditemos













"(...) Quando morreu a consciência do povo, falou-se em autoridade do governo e lealdade dos cidadãos."


Lao-tsé

Questões...














É próprio de um estado de direito que sejam o sistema judicial e a imprensa a utilizar actos criminosos??

A minha perplexidade, o meu espanto...

Terei sido dos poucos que que não comprou o pasquim.

Até consigo perceber que alguns escribas façam fretes (vimo-lo nas escutas de Pinto da Costa - outro crime!).
Até consigo perceber que os patrões dos media façam coro, exerçam pressão com todo o seu poder económico, político e mediático sobre a sociedade em geral...
Até consigo perceber que a maior parte dos jornalistas tenham uma vida para viver, uma família para governar e filhos para educar...
Mas não consigo perceber onde é que raio andam as virgem impolutas, os grandes senadores dos media, os tais que serão capazes de sacrificar a vida pela verdade, pela notícia, pela liberdade de imprensa...

Por onde andam??

Conseguirão meter as mãos entre as pernas, encontrar algo e erguer a voz??
Ou serão como os machões que em casa, perante a indignação das esposas apenas sabem dizer - Sim, querida!!

Parece ser este último, o caso...

Ninguém está acima da lei, nem o primeiro-ministro, nem o presidente da república.
Ninguém.
Mas ninguém pode, de forma incólume e impune, tratar a democracia e o estado de direito desta forma.

Não é espantoso que um sindicato - Sindicato dos Magistrados do Ministério Público - tão representativo na nossa democracia (excepto talvez para Cavaco Silva) como a Associação dos Adeptos de Futebol peça a demissão de toda a gente...

Espantoso é que deveriam começar por exigir a si próprios e a todos os que diz representar o fim do regabofe.
Espantoso que todos se calem...
Espantoso que as únicas palavras de Cavaco Silva tenham sido de "defesa da liberdade de imprensa"... como se tudo o que se vê e ouve seja questão de somenos importância, como se o liberalismo fosse capaz, por si próprio, de auto-regular a questão.

Cavaco fez, aqui e noutros passos da sua actuação, tendo jurado defender a constituição e todo o edifício que esta sustenta, o papel de Pilatos.
Cínicamente lavou as mãos como se o assunto o transcendesse, como se não lhe dissesse respeito ou não se passasse no país de que é presidente da república.

A propósito da liberdade de imprensa, da posse dos meios de comunicação, da sua utilização para os fins mais inacreditáveis e inconfessáveis, faz-me ferver o sangue nas veias e gritar:

"- Mas esta merda já chegou á Venezuela, é??"

Espero ansiosamente a ressurreição, dos estúdios de Belém, de algum "reality-show" ao estilo das "Conversas em Família".

Contra os profetas da desgraça




















"Portugal está á beira do abismo" expressão tantas vezes ouvida e vista impressa tem sido, felizmente, desmentida o mesmo número de vezes.
De cada vez que enfrentámos o desafio fomos capazes de mostrar que a visão do abismo outra coisa não era que alucinação.
Se tivessemos baqueado na nossa caminhada colectiva enquanto povo ou acredita piamente em tudo quanto nos quiseram vender, há muito que não seriamos outra coisa que essa "famosa" jangada de pedra.

O caracter de um povo não se constrói, felizmente, em opiniões negativas ou em atitudes desmobilizadoras.
Sempre soubemos, nos momentos de crise, discernir e escolher o que é positivo e audaz como designio colectivo.
Nem sempre escolhemos o caminho mais fácil, o mais organizado, aquele que melhores alicerces criou e melhor futuro criou para gerações sucessivas de portugueses...
Ouvimos espíritos críticos que, nos momentos em que a euforia colectiva não permite ver mais que a evidência, nos chamaram á realidade e nos obrigaram a reflectir.
Muitas vezes, porém, avaliámos mal esses personagens e, onde pensavamos haver crítica e chamada á razão... houve medo, provincianismo, imobilismo e desistência.
É verdade que os danos causados por estes foram sempre muito superiores áqueles que os optimistas, entusiastas e sonhadores causaram.
Habituamo-nos a ouvir personagens como a que Camões imortalizou como o "Velho do Restelo" mas, demasiadas vezes, fomos enganados por palavras que julgávamos avisadas... e não o eram.
Ulisses colocou cera nos ouvidos dos seus marinheiros para não ouvirem as sereias.

Estamos, de novo, colocados na encruzilhada dos caminhos da história.
Um daqueles momentos em que temos que reflectir e decidir.
Não podemos continuar a adiar o futuro.
Muito se joga nestes dias que, por certo, irão determinar muito do percurso que viermos a fazer.
Todos somos responsáveis pelo que existe, de mau ou de bom.
Ninguém pode afirmar que não pisou o chão desta caravela.
Ninguém pode dizer que nunca enjoou a viagem.

Estamos a navegar á vista da costa porque o(s) homem(ns) do leme não tem sabedoria e arrojo para mais.
Não tem sabedoria, arrojo e, em vez de se rodear por homens integros, com voz, capazes de dizer não... e justificar, entende ser o melhor rodear-se de cortesãos, arautos e profetas da desgraça.

Creio ter chegado o momento de colocar tudo em questão.
Deixarmos de olhar para os sapatos, levantar a cabeça e olharmos o horizonte.
Temos, através de todos os poderes constituídos, formais e informais, sido condicionados a pensar de forma politicamente correcta e cordata.
Dessa forma os lobos, que bebem antes de nós no curso do rio, continuarão a afirmar que a água suja se não provém de nós, foram os nossos pais a sujá-la.
Cordeirinhos, continuaremos a temer e a ser o seu repasto...tomando sempre como verdades eternas as suas manipuladoras palavras.

Creio que é chegado o momento de repensar Portugal.

Estranho povo este, que não se governa, nem se deixa governar…


















Postulados

1 – O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente (Lord Acton);
2 – Quem parte e reparte e fica com a pior parte, ou é tolo ou não tem arte (provérbio popular);
3 – Quem domina o passado domina o futuro; quem domina o presente domina o passado (George Orwell, 1984);
4 – É tarde para a economia, quando a bolsa está vazia (provérbio popular);
5 – Não há guerra de mais aparato do que muitas mãos no mesmo prato (provérbio popular);


Ingenuidades

1 – A imprensa, em democracia, é completamente livre;
2 – Em democracia, todas as teorias conspirativas não são outra coisa que imaginação e delírio;
3 – Não há qualquer influência de organizações secretas no exercício do poder;
4 – O poder político determina o poder económico;
5 - Todos os agentes políticos, sem excepção, actuam sempre como parte da solução e não do problema e promovem, sem margem para dúvida, o interesse nacional;


Promessas nunca cumpridas

1 – O rico ceder voluntariamente parte do seu pecúlio ao pobre;
2 – O Estado ser o regulador e o garante eficaz do bem-estar dos seus cidadãos;
3 – O poder ser cedido sem recurso á lei;
4 – Não haver qualquer controlo, económico ou político, sobre a informação;
5 – Os agentes políticos serem apenas planeadores, executores e fiscalizadores do poder cedido pelo povo em acto eleitoral;


Arautos

1 – “Conspiração ataca presidente” (Correio da Manhã)
2 – “PGR recusa abrir escutas de Sócrates apesar de especialistas admitirem essa possibilidade” (Publico)
3 – “Parlamento vai investigar controlo de grupos de media” (Diário de Noticias)
4 – “Alerta em Belém: Cavaco quer saber mais sobre o caso TVI”(Jornal i)
5 – “Moniz e Manuela exigem demissão imediata de Sócrates” (24 horas)


A verdade

1 – Sócrates terá dito, enquanto era escutado, alguns mimos se comparado com o que Cavaco pode ter dito em privado sobre Soares (e outras forças de bloqueio). Todos metem o nariz no buraco da fechadura mas ninguém fala, em estado de direito, do primado da lei. De factos tão simples como o conhecimento real que actores, fora do sistema judicial, têm de pormenores processuais que, ou lhes são levados em bandeja… ou ávida e sofregamente procurados. Todos parecem olvidar (ou não olvidam porque definitivamente terão o tão almejado controlo) que os ventos que semeiam poderão redundar em enormes tempestades;
2 – Sócrates, que foi criado pelos media e levado ao colo por estes em face da alternativa Santana Lopes, será por eles destruído. Aconteceu antes e voltará a suceder. Os media apenas admitem o sistema de tráfico – tu dizes e eu transmito e em troca quero isto ou aquilo. Não há, não houve nunca, almoços á borla. A relação é biunívoca mas quando alimentar permanentemente o monstro se torna impossível, aquele torna-se repasto deste. Apenas Pinto da Costa, ao que se sabe, domina o monstro…porque lhe conhece os vícios e podres. Será??;
3 – Portugal não reformou o corporativismo, possui um sistema partidário com unidades que apenas pretendem assegurar os benefícios das respectivas unidades orgânicas e legalizou, há tempos atrás, os lobbies. Mais, de acordo com notícias recentes, qualquer conversa privada tida em público é susceptível de ser utilizada, quem sabe se judicialmente contra o seu autor. Trata-se aqui da ressurreição e potencial institucionalização da Legião Portuguesa, os famosos bufos;
4 – Qualquer (em absoluto) governo português ver-se-á sempre confrontado não apenas por todas as campanhas sujas mas pelas dificuldades (não estou a iludir… são mesmo dificuldades), populismo, irresponsabilidade, irracionalidade, falta de sentido de estado e desinteresse pelos superiores valores do país que a(s) oposição(ões) assumem com o maior descaramento e que são encaradas pelo povo com a bonomia, o marialvismo e a superficialidade que nos caracteriza;
5 - Nunca votamos de forma consciente e assertiva porque o nosso voto é dado apenas em função de impedir que este ou aquele ocupem o poder. Ninguém vota de forma positiva porque somos manipulados de forma bovina, é a inveja que é o motor de desenvolvimento nacional e somos permanentemente aldrabados de forma soez. Mas, verdade seja dita, ás 20:00 horas, conhecido o vencedor, já ninguém votou nele. “Estranho povo este, que não se governa, nem se deixa governar…” (Gaius Julius Caesar);


O que está a acontecer

1 – Muito mais que um ajuste de contas e vingança de estórias como as escutas a Belém ou o Estatuto dos Açores. Sendo a vingança um prato que se serve frio é dada pública evidência do facto e da conhecida falta de ética na política, mas demonstra, acima de tudo, o cinismo da bem-aventurada solidariedade institucional. Vai ser dado o passo mais ousado no controlo da situação – transformação do semi-presidencialismo em presidencialismo, puro e duro;
2 – Preparação de clima e de “factos” que criem na opinião pública a necessidade urgente de demitir Sócrates. Ficará, deste modo, também vingada a afronta feita á “má moeda” por Jorge Sampaio e que foi recentemente medalhado pelo ditador (palavras de Belmiro de Azevedo);
3 – “Golpe de estado” dentro do PSD dado que se a demissão ocorrer antes das directas, Ferreira Leite (com muita probabilidade) ou, seguramente, a facção cavaquista poderá ser reeleita com facilidade, na crença (que será veiculada como emergência, sendo absolutamente imprescindível para o futuro da Nação) que apenas ela (ou Marcelo Rebelo de Sousa, p.e.) podem salvar o país;
4 – Em nome dos “superiores interesses do país”, de repente ocorreu um blackout colectivo nos media que obrigou a que se suavizasse ou quase omitisse estes sórdido assunto das escutas de Sócrates… Quem atentou contra a liberdade de imprensa?? Utilize-se os princípios do jornalismo e responda-se sinteticamente ás perguntas sacramentais – quando, onde, como, por quem e porquê.
O OGE não pode ser o responsável único pelo assumir desse repentino eufemismo que dá pelo nome de… responsabilidade! Não pode! “Este não é o momento adequado para a estocada final, mas o cadáver está pronto a ser encomendado. Aguardem o meu sinal”. Ficam as mesmas perguntas a que nenhum jornalista ousará responder. Claro!;
5 – A direita mais retrógrada nunca perdoou a si própria a falta de controlo da situação que permitiu o 25 de Abril e muito menos a perda do poder, embora o sistema que sucedeu ao 24 de Abril tenha sido, na verdade, muito mais benevolente e economicamente rentável que o Estado Novo. Há anos que estão em curso manobras revanchistas que permitam retroceder no tempo de modo a que seja uma… inevitabilidade nacional. Entretanto, procedeu-se ao arranque da campanha eleitoral para as presidenciais, de modo implacável e de forma que a derrota do candidato que Sócrates apoiar seja tão grande, tão unânime, que a demissão seja um caso de misericórdia. Sócrates será, então, imunizado, alvo de condecoração, elogiado nos seus deveres para com o estado português… e jogado no contentor do lixo mais próximo. Há outros desígnios que realmente contam, muito mais importante que o PSD ou o país.

Jeux interdits





Il y a longtemps
Un film en noir et blanc
Dessinait sur l'écran
Le chagrin d'une enfant
Et ses larmes coulaient
Sur son air préféré
D'une musique si jolie
Celle des jeux interdits

Une guitare fait chanter nos mémoires
Nous permet de refaire
Le chemin à l'envers
On remonte le temps
On réveille un instant
Notre enfance endormi
Dans les jeux interdits

Il y a longtemps
Agités par le vent
Même les fleurs sur l'écran
Etaient en noir et blanc
Mais je garde en mon coeur
Des images en couleurs
Une musique si jolie
Celle des jeux interdits

Quand parfois ce refrain
Me rattrape en chemin
Une enfant de cinq ans
Cueille des fleurs en chantant

Il y a longtemps
il y a bien des printemps
Le bonheur sur l'écran
Etait en noir et blanc
Mais je garde en mon coeur
Des images en couleurs
Tant de rêves sont permis
sur les jeux interdits

Tant de rêves sont permis
sur les jeux interdits



Frank Michael