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sábado, dezembro 11, 2004
Imagem do povo português depois de saber da demissão do governo
TSF
( 08:03 / 19 de Novembro 04 )
• MÁRIO SOARES
Se não fosse a UE golpe de Estado teria atingido Portugal
Mário Soares não tem dúvidas de que se Portugal não fizesse parte da União Europeia, há muito que teria sido confrontado com um golpe de Estado e está preocupado com o clima de corrupção que se vive.
Para Mário Soares Portugal vive a situação social mais crispada desde a revolução de Abril e ainda só não se verificou um golpe de Estado porque vivemos na União Europeia.
«Se não estivéssemos na União Europeia, já tínhamos um golpe militar há muito tempo. Era inevitável, não temos porque não é possível, mas não podemos deixar continuar a correr as coisas. Nesse caso vamos assistir a revoltas, a um mal-estar que passa a ser incontrolável na sociedade portuguesa», adiantou.
No Porto, onde participou numa conferência dedicada aos 30 anos do 25 de Abril, o antigo presidente da República considera que o país encontra-se capaz de gerar revoltas descontroladas.
Mário Soares considera que o cenário actual é «de grande crispação, há uma visível crise de confiança em Portugal, no Governo, na oposição, nos partidos, nas instituições, na justiça, nas políticas em áreas cruciais como a educação, a cultura, a ciência, a saúde, a segurança social, o trabalho, a segurança dos cidadãos e os media».
O antigo presidente da República está também preocupado com a corrupção, que «está a alastrar os seus tentáculos no Estado e na sociedade, nos partidos e autarquias. Não podemos deixar que a impunidade se instale, precisamos do estímulo da censura moral dos portugueses». Mário Soares apela por isso à consciência do povo e lembra que existe sempre uma arma constitucional e livre: «Ninguém contesta as eleições, por isso até aqui temos uma garantia e o voto é a arma do povo».