Confiança
terça-feira, janeiro 18, 2005
Mausoléu de Agostinho Neto, Luanda, 1996
O oceano separou-se de mim
enquanto me fui esquecendo nos séculos
e eis-me presente
reunindo em mim o espaço
condensando o tempo.
Na minha história
existe o paradoxo do homem disperso
Enquanto o sorriso brilhava
no canto de dor
e as mãos construíam mundos maravilhosos
john foi linchado
o irmão chicoteado nas costas nuas
a mulher amordaçada
e o filho continuou ignorante
E do drama intenso
duma vida imensa e útil
resultou a certeza
As minhas mãos colocaram pedras
nos alicerces do mundo
mereço o meu pedaço de chão.
Agostinho Neto