Nunca é tarde
sexta-feira, maio 06, 2005
Foto de Gregory Mancuso
Quando no cais só fica ancorada
A indiferença e já não resta nada
Senão as ilusões a que te agarras.
Ouve a voz inefável das guitarras
Tingindo de paixão a madrugada
No fim duma viagem povoada
Do canto indecifrável das cigarras.
Saberás então que há sempre um começo
No profano rio em que a vida arde,
E é nessa maré viva que estremeço.
Mas, ainda que saibas que nunca é tarde,
Não tardes, que sem ti eu anoiteço,
E não peças jamais ao rio que aguarde.
António Tomé