É CAJU, É CAJUÊ! … COMPRA SÓ, SENHOLA.
TEM MANGA E SAPE-SAPE, TEM CEBOLA,
QUITABA, TCHIFUFUTILA, TEM BANANA . . .
Era assim que apregoava a Barona Adriana,
aquela gorda e atrevida bessangana
que todas as manhãs, no lugar costumeiro,
ia montar, mesmo no passeio, a quitanda
entre as arcadas do Edifício da Fazenda
que se levantava num prédio da Mutamba,
o Largo mais concorrido e de maior animação
da Cidade de S. Paulo de Luanda, da Assunção.
Cedo, bem cedo, mesmo muito cedinho,
na mais fanada carreira das Ingobotas
lá vinha ela, reboluda, toda sorridente
- UAZAKELÊ – cumprimentando toda a gente.
E chegava carregada com a sua jimbamba:
uma velha grade de Cuca, pesada de fruta tanta,
cesta de quitutes, que à cabeça traz para vender,
garrafa quitoto e panela de canjica pra comer.
Trazia tanta coisa … como tinha conseguido?
E por cima de tudo vinha um pano colorido.
Com uma mão segurava a grade na cabeça.
Livre, a outra gesticulava, fazia salamaleque
E muita gente parava e a esperavam até polícia
Que logo que via dizia: - D. Adriana, outra vez?
Agente não quer, mas, um dia, leva-te no xadrez.
E a velha magana fazia que não ouvia e seguia.
Seguia direitinha pró seu lugar. A coitada suava
mas, chegando à arcada, mal a quitanda pousava,
abria a boca no mundo, lançando o seu pregão:
É CAJU, É CAJUÊ! … COMPRA SÓ, SENHOLA.
TEM MANGA E SAPE-SAPE, TEM CEBOLA,
OLHA QUITABA, TCHIFUFUTILA, MAMÃO …
João Mangericão