Rir é o melhor remédio...
domingo, fevereiro 27, 2005
Discussão matrimonial entre Francisco Louçã e a sua mulher
- Querido, achas que sou bonita?
- Eu não diria bonita, pois trata-se de um conceito adoptado pelas classes dominantes para
classificar animais humanos dentro de padrões de beleza culturalmente preestabelecidos.
- Isso que dizer que sou feia?
- Cosmeticamente diferente é o termo mais adequado.
- Mas, tu ainda me amas?
- O amor é um sentimento inventado pela burguesia com intuito de
subjugar os indivíduos a um único modo de pensar a sociedade, tirando-lhes a razão e o
senso crítico.
- E depois?
- Depois, nutro por ti um sentimento de co-participação em interesses de ordem habitacional,
económica e sexual.
- O quê? Quer dizer que tu só me queres como mulher-a-dias e
prostituta?
- Não se diz mulher-a-dias e sim higienizadora ambiental. E tratar
parceiras sexuais alugadas como prostitutas não é politicamente
correcto.
- Tu deves estar louco.
- Emocionalmente fora do padrão.
- Bem me avisaram que eras um chato.
- Chato não, pessoa interessante de maneira diferente.
- Como fui cega...
- Desprovida de capacidade visual é mais correcto.
- Idiota!
- Pessoa com ideia fixa.
- Para mim chega! Vou procurar um amante que me queira.
- Não precisas de recorrer a este tipo de relacionamento com padrão não convencional, nós
ainda podemos partilhar de uma coexistência saudável como duas pessoas com referências
diferenciadas da cultura dominante.
- Prefiro viver com um lavador de carros a continuar contigo!
- A tua preferência em manter uma co-habitação de carácter afectivo com um especialista em
aparência de veículos, não te dá o direito de comparar opções de meio de sobrevivência
alternativo com o meu comportamento que se diferencia dos dogmas do status-quo.
- Ah, por que é que não podes ser uma pessoa normal?
- A normalidade é uma convenção imposta.
(recebido por email)