Batuque no Monapo





Pairam nuvens altaneiras
A noite desce às sanzalas
Cantando canções guerreiras
Negros acendem fogueiras
Todo o mundo veste galas.
Rompe o silêncio um tambor
Jovens de lábios pintados
Ensaiam estranhos bailados
Cantando canções de amor.
Coloridas capulanas
Um mar humano em orgia.
Sipais, mainatos, mufanas,
Marrússis e metianas
Tudo baila neste dia!
O luar enamorado
Beija as folhas do sisal
Dando ao céu estrelado
Cintilações de cristal.
De "Jagaia", de Nampaco,
Do mais longínquo sertão,
Uma imensa multidão
Veio contar ao Monapo
Histórias da tradição.
A brisa agita as palmeiras,
Invade-me a nostalgia.

Morreu a luz das fogueiras,

Rompe a manhã, já é dia!



Rui Torres de Almeida