Canção desesperada




















Vento que vais passar
Pelos loucos cabeços nus,
Que trazes para contar
Sobre a Noite ou sobre a Luz?

Sol que incendeias a terra
Toda nua e resignada,
Que nos trazes dessa guerra
Sem esperança desejada?

Lua, erma e abandonada
Nos confins do abandono,
Que trazes ,assim calada,
Para além de morte e sono?
- Jaz a terra de bruços
Não canta água na pedra:
Só se ouvem soluços
Da desgraça que medra...



António Cardoso
In Nunca é velha a esperança

Amai-vos...


























First Love II, por Lester Kern




Amai-vos um ao outro,
mas não façais do amor um grilhão.

Que haja, antes, um mar ondulante
entre as praias de vossa alma.

Enchei a taça um do outro,
mas não bebais da mesma taça.

Dai do vosso pão um ao outro,
mas não comais do mesmo pedaço.

Cantai e dançai juntos,
e sede alegres,

mas deixai
cada um de vós estar sozinho.

Assim como as cordas da lira
são separadas e,
no entanto,
vibram na mesma harmonia.

Dai vosso coração,
mas não o confieis à guarda um do outro.

Pois somente a mão da Vida
pode conter vosso coração.

E vivei juntos,
mas não vos aconchegueis demasiadamente.

Pois as colunas do templo
erguem-se separadamente.

E o carvalho e o cipreste
não crescem à sombra um do outro.




Kahlil Gibran

Não me lavem o rosto






















Não me lavem os olhos!

Não; já disse não!

Deixai-me ver,

sentir, viver tudo em mim

mas não me lavem os olhos!



Deixai-me crer por mim

aceitar a realidade

mas não me barrem a caminhada

não me lavem os olhos!



Deixai-me sofrer realidade

ao sonhar fraternidade

mas... por favor...

não me lavem os olhos!




Sukrato

Uma voz que canta convoca a terra perdida




















Foto de Rui Vale Sousa





Uma voz que canta convoca a terra perdida.

Quase em surdina, evoca os secretos lugares

da infância;

o sítio onde pousavam os pássaros

o quintal cheio de estórias

e - lembras-te? - a tarde em chamas.


A voz murmura:

O exílio é onde nada se recorda de ti

Nada te diz:

sou teu/és meu





José Eduardo Agualusa

Hoje lembro... Mário Viegas









Exílio (Manuel Alegre)




Lisboa perto e longe (Manuel Alegre)

Pastelaria





















Mário Cesariny
(1923-2006)





Afinal o que importa não é a literatura
nem a crítica de arte nem a câmara escura

Afinal o que importa não é bem o negócio
nem o ter dinheiro ao lado de ter horas de ócio

Afinal o que importa não é ser novo e galante
- ele há tanta maneira de compor uma estante

Afinal o que importa é não ter medo: fechar os olhos frente ao precipício
e cair verticalmente no vício

Não é verdade rapaz? E amanhã há bola
antes de haver cinema madame blanche e parola

Que afinal o que importa não é haver gente com fome
porque assim como assim ainda há muita gente que come

Que afinal o que importa é não ter medo
de chamar o gerente e dizer muito alto ao pé de muita gente:
Gerente! Este leite está azedo!

Que afinal o que importa é pôr ao alto a gola do peludo
à saída da pastelaria, e lá fora – ah, lá fora! – rir
de tudo

No riso admirável de quem sabe e gosta
ter lavados e muitos dentes brancos à mostra




Mário Cesariny

Camarada Inimigo

























Rebentamento de mina na picada de Chizampeta e Furancungo
Foto de Costa e Almeida, daqui




Esteve aqui um inimigo sem fome, muita.
Deixou-me este inimigo uma ração de combate com formigas
E 2 pedaços de papel de jornal com excrementos
E 22 latas de cerveja vazias
E capim pisado.

Contou-me muita informação preciosa este inimigo
Sei que há 3 meses fazia frio em Lisboa (Portugal)
Caetano está bom na legenda mas só tem meia cabeça na foto
E o seu sorriso acaba onde começa mais excremento
Caetano está bom mesmo e o Povo Português muito triste
Hoje há 3 meses pois Eusébio não alinha por ter menisco
E Santo Francisco de Paula é senhorio em Lisboa dos pobres.

Sei ainda que este inimigo tem a doença da sede para esquecer
Tem pouca fome porque ainda não sabe aprender a esquecer
Tem diarreia, tem lombriga tem solidão
E só sabe fumar metade do cigarro.

Este inimigo deixa muita informação e rasto
Não pode ser um inimigo tão assim tanto
É um camarada trabalhando no campo inimigo
É pelo menos um agente duplo.»




Mutimati Barnabé João
In "Eu, o Povo"
(Lourenço Marques, Frelimo, 1975)


Pegue um sorriso

























Foto de Inés Martin




Pegue um sorriso
e doe-o a quem jamais o teve...
Pegue um raio de sol
e faça-o voar lá onde reina a noite...
Pegue uma lágrima
e ponha no rosto de quem jamais chorou...
Pegue a coragem
e ponha-a no ânimo de quem não sabe lutar...
Descubra a vida
e narre-a a quem não sabe entendê-la...
Pegue a esperança
e viva na sua luz...
Pegue a bondade
e doe-a a quem não sabe doar...
Descubra o amor
e faça-o conhecer o mundo...



Mahatma Gandhi

Apenas


























Foto de Alan Cresto



Amor
Não me dês tanto, não.

Uma vez ou outra
Prende-me nos teus braços
E envolve-me na carícia morena e loira do teu desejo

Uma vez ou outra
E esquecerei tudo
Até as manhãs em que nos vêm buscar
E não sabemos se voltamos
E se somos homens ou coisas
E se conhecemos o sentido natural do riso
E se é verdade ou mentira
Os filhos a chamar
E a casa
E a mulher de olhos espantados de medo
Nem um assomo de remorso despertando

Amor
Não me dês tanto, não.

Só uma vez ou outra
Prende-me nos teus braços em cruz
E envolve-me na carícia morena e loira do teu amor
E na certeza de paz do teu carinho.

Só uma vez outra…

Só uma vez ou outra
Prende-me nos teus braços
Amor!


José Craveirinha

Uma vez, enchi a minha mão de bruma



















Foto de Peter Essick





Uma vez, enchi a minha mão de bruma
Uma vez, enchi a minha mão de bruma.
Quando a abri, a bruma era uma larva.
Voltei a fechar a mão, e então era um pássaro.
E fechei a abri novamente a mão,
e na sua palma encontrava-se um homem
de rosto triste, virado para o céu.
Mais uma vez fechei a mão,
e quando a abri já só havia bruma.
Mas escutei uma canção de uma doçura extrema.



Kahlil Gibran

Quitandeira





















A quitanda.
Muito sol
e a quitandeira à sombra
da mulemba.

- Laranja, minha senhora,
laranjinha boa!

A luz brinca na cidade
o seu quente jogo
de claros e escuros
e a vida brinca
em corações aflitos
o jogo da cabra-cega.

A quitandeira
que vende fruta
vende-se.

- Minha senhora
laranja, laranjinha boa!

Compra laranja doce
compra-me também o amargo
desta tortura
da vida sem vida.

Compra-me a infância do espírito
este botão de rosa
que não abriu
princípio impelido ainda para um início.

Laranja, minha senhora!

Esgotaram-se os sorrisos
com que chorava
eu já não choro.

E aí vão as minhas esperanças
como foi o sangue dos meus filhos
amassado no pó das estradas
enterrado nas roças
e o meu suor
embebido nos fios de algodão
que me cobrem.

Como o esforço foi oferecido
à segurança das máquinas
à beleza das ruas asfaltadas
de prédios de vários andares
à comodidade de senhores ricos
à alegria dispersa por cidades
e eu
me fui confundindo
com os próprios problemas da existência.

Aí vão as laranjas
como eu me ofereci ao álcool
para me anestesiar
e me entreguei às religiões
para me insensibilizar
e me atordoei para viver.

Tudo tenho dado.

Até mesmo a minha dor
e a poesia dos meus seios nus
entreguei-as aos poetas.

Agora vendo-me eu própria.
- Compra laranjas
minha senhora!
Leva-me para as quitandas da Vida
o meu preço é único:
- sangue.

Talvez vendendo-me
eu me possua.

- Compra laranjas!



Agostinho Neto

Os melhores blogues 2006


















Não poderia ficar alheio ao desafio lançado pela Geração Rasca.
Aqui ficam os votos da Kitanda:

- Melhor Blog Individual Feminino

Chuinga, África de todos os sonhos, Abrigo de pastora, Repensando, Ás vezes (des)organizo-me em palavras..., Blue Shell

- Melhor Blog Individual Masculino

Pululu, Ma-schamba, Água Lisa, Forever Pemba, A matéria do tempo, Postais da Novalis

- Melhor Blog Colectivo

Dias com árvores, Causa nossa, 2+2=5, ante et post, Bicho carpinteiro, FisicosLx

- Melhor Blog Temático

Africanidades, Margens de erro, Raim's blog, Malambas, Caminhadas e Descoberta em STP, Tócolante

- Melhor Blog

Jumento, Pululu, A Fábrica, Blogda-se, NimbyPolis, Água Lisa

- Melhor Blogger

Isabella Oliveira (Chuinga), João Tunes (Água Lisa), JPT (Ma-schamba), Eugénio Costa Almeida (Pululu / Malambas), Brigida Rocha Brito (África de Todos os Sonhos), Carlos Narciso (Blogda-se)


O regulamento pode ser consultado aqui.

Canto do Nosso Amor sem Fronteira




















Praia da Polana
Foto publicada em Lourenço Marques / Maputo, Moçambique





Estamos juntos.
E moçambicanas mãos nossas
dão-se
e olhamos a paisagem e sorrimos.

Não sabemos de áreas de esterlino
de câmbios
vistos de fronteira
zonas de marco e dólar
portagem do Limpopo
canais de Suez e do Panamá.

Amamo-nos hoje numa praia das Honduras
estamos amanhã sob o céu azul da Birmânia
e na madrugada do dia dos teus anos
despertamos nos braços um do outro
baloiçando na rede da nossa casa na Nicarágua.

Ou
com os olhos incendiados
nos poentes do Mediterrâneo
recordamos as noites mornas da praia da Polana
e a beijos sorvo a tua boca no Senegal
e depois tingimos mutuamente
os lábios com as negras amoras de Jerusalém
ambos entristecidos ao galope dos pés humanos
sem ferraduras mas puxando riquexós.



José Craveirinha
Karingana ua Karingana

Quando o sol se apaga























I

Quando o Sol se apaga
o céu é palco estrelado
véu de mil feitiços


A Lua insinua
o seu perfil de dama da noite

De um toque de magia
é uma flor do mar
uma luz no ar

Arte e pura fantasia.



II

Ao poente
a natureza desliza
nas raízes mais fundas

Esconde
a sua intimidade
no seio da terra

E é na sombra
que se cruzam
os laços da vida




Paula Tribuzi

Negra




























Gentes estranhas com seus olhos cheios doutros mundos
quiseram cantar teus encantos
para elas só de mistérios profundos,
de delírios e feitiçarias...
Teus encantos profundos de Africa.


Mas não puderam.
Em seus formais e rendilhados cantos,
ausentes de emoção e sinceridade,
quedas-te longínqua, inatingível,
virgem de contactos mais fundos.
E te mascararam de esfinge de ébano, amante sensual,
jarra etrusca, exotismo tropical,
demência, atracção, crueldade,
animalidade, magia...
e não sabemos quantas outras palavras vistosas e vazias.


Em seus formais cantos rendilhados
foste tudo, negra...
menos tu.


E ainda bem.
Ainda bem que nos deixaram a nós,
do mesmo sangue, mesmos nervos, carne, alma,
sofrimento,
a glória única e sentida de te cantar
com emoção verdadeira e radical,
a glória comovida de te cantar, toda amassada,
moldada, vazada nesta sílaba imensa e luminosa: MÃE





Noémia de Sousa

A Espantosa Realidade das Cousas

























Miradouro da Lua, Luanda





A espantosa realidade das cousas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada cousa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.

Tenho escrito bastantes poemas.
Hei de escrever muitos mais. naturalmente.

Cada poema meu diz isto,
E todos os meus poemas são diferentes,
Porque cada cousa que há é uma maneira de dizer isto.

Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada.
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.

Outras vezes oiço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

Eu não sei o que é que os outros pensarão lendo isto;
Mas acho que isto deve estar bem porque o penso sem estorvo,
Nem idéia de outras pessoas a ouvir-me pensar;
Porque o penso sem pensamentos
Porque o digo como as minhas palavras o dizem.

Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.




Alberto Caeiro

Paisagem




















Foto de António Ferreira de Sousa em Caminhadas e Descoberta em STP







Ai meu país de tchilóli e mar

país de riso azul a percorrer memórias

debaixo do sol do Equador e do Cruzeiro do Sul.


ai meu país de tchilóli e mar

de nuvens brancas e negras a percorrer teu rosto

de cânticos-poetas de Tenreiro e Costa Alegre...


Que idílio sublime nestas paisagens tropicais!



E quando a noite se esconde sob a ramada

do teu corpo de ébano e seda

de espuma e coral

então escorre de África inteira

a infinda seiva

lasciva e branda

como da abelha se desprende

o doce mel!




Olinda Beja

Assim clamava esgotado




























Não direi nada

nunca fiz nada contra a vossa pátria
mas vós apunhalastes a nossa
nunca conspirei nunca falei com amigos
nem com as estrelas nem com os deuses
nunca sonhei

durmo como pedra lançada ao poço
e sou estúpido como as carnificinas vingativas
nunca pensei estou inocente

não direi nada
não sei nada
mesmo que me espanquem
não direi nada
mesmo que me ofereçam riquezas
não diréi nada
mesmo que a palmatória me esborrache os dedos
não direi nada
mesmo que me ofereçam a liberdade
não direi nada
mesmo que me apertem a mão
não direi nada
mesmo que me ameacem de morte

Ah!
a morte

Morreu alguém no meu lar
No meu lar havia uma filhinha
estrela brilhante no céu da minha pobreza
ela morreu

Vejo a grinalda branca da sua inocência
arrastada nas águas sobre o seu corpo
Ofélia negra neste rio podre da escravatura.



Agostinho Neto

O novo canto da mãe

















Foto de Pedro Norton de Matos em Caminhadas e Descoberta em STP





Mãe
Nós somos os teus filhos
Que sem vergonha
Quebraram as fronteiras do silêncio.
Os filhos sem manhãs
Que rasgaram as noites que cobriam
As carnes das tuas carnes.

Nós somos, Mãezinha,
Os teus filhos,
Os pés descalços,
Esfomeados,
Os meninos das roças,
Do cais,
Os capitães d’areia,
Os meninos negros à margem da vida
Que despedaçaram o destino do teu ventre,
Que endireitaram os instantes
Que marcaram socalcos na terra firme,
Na profundidade das trevas da tua vida.

Nós somos, Mãezinha, os teus filhos,
Sexos que germinaram vida,
Forças que desfloraram a virgindade dos dogmas
Fecundaram minérios de esperança,
Olhos, dinamite de amor,
Mãos que esfacelaram a espessura dos obós.




Tomás Medeiros

Meu Canto Europa






















Agora,

agora que todos os contactos estão feitos,

as linhas dos telefones sintonizadas,

os espaços de morses ensurdecidos,

os mares de barcos violados,

os lábios de risos esfrangalhados,

os filhos incógnitos germinados,

os frutos do solo encarcerados,

os músculos definhados

e o símbolo da escravidão determinado,





Agora,

agora que todos os contactos estão feitos,

com a coreografia do meu sangue coagulada,

o ritmo do meu tambor silencioso,

os fios do meu cabelo embranquecidos,

meu coito denunciado e o esperma esterilizado,

meus filhos de fome engravidados,

minha ânsia e meu querer amordaçados,

minhas estátuas de heróis dinamitadas,

meu grito de paz com chicotes abafado,

meus passos guiados como passos de besta,

e o raciocínio embotado e manietado,





Agora,

agora que me estampaste no

rosto

os primores da tua civilização,

eu te pergunto, Europa,

eu te pergunto:

AGORA?




Tomás Medeiros

Medite-se!



















"Que esperáveis, pois, quando retirásseis a mordaça que tapava estas bocas negras ? Que elas vos entoassem louvores?"



Jean Paul Sartre, no prefácio de "Anthologie de la nouvelle poésie africaine et malgache"

Una carta de amor






















Todo lo que de vos quisiera
es tan poco en el fondo

porque en el fondo es todo

como un perro que pasa, una colina,
esas cosas de nada, cotidianas,
espiga y cabellera y dos terrones,
el olor de tu cuerpo,
lo que decís de cualquier cosa,
conmigo o contra mía,

todo eso que es tan poco
yo lo quiero de vos porque te quiero.

Que mires más allá de mí,
que me ames con violenta prescindencia
del mañana, que el grito
de tu entrega se estrelle
en la cara de un jefe de oficina,

y que el placer que juntos inventamos
sea otro signo de la libertad.



Julio Cortázar

Aqui no cárcere




















Aquí no cárcere
eu repetiria Hikmet
se pensasse em ti Marina
e naquela casa com uma avó e um menino

Aquí no cárcere
eu repetiria os heróis
se alegremente cantasse
as canções guerreiras
com que a nosso povo esmaga a escravidão

Aquí no cárcere
eu repetiria os santos
se lhes perdoasse
as sevícias e as mentiras
com que nos estralhaçam a felicidade

Aquí no cárcere
a raiva contida no peito
espero pacientemente
o acumular das nuvens
ao sopro da História



Agostinho Neto

Feitiço do quarto crescente






















Lua bruxa, que me lanças tua magia,
Arder de paixão no quarto crescente,
Recluso, sofro em alma, corpo e mente,
Enfeitiçado nesta luz que me alumia.

Eis que veio outra luz, Estrela cadente,
Jogando seu brilho onde antes não via,
Invadindo como em doce melodia,
Este encantado indolente.

Venceu a luz mais poderosa,
Acabou o encanto, vencida Lua,
Libertado pela estrela meiga e manhosa.

Venceu o brilho de tua pele nua,
Ocupando todo o céu, dengosa,
Ofuscando até mesmo a luz da Lua.



Wlad
in <#Jardins de Poesia#>