Retrato do Herói
segunda-feira, outubro 15, 2007
Herói é quem num muro branco inscreve
O fogo da palavra que o liberta:
Sangue do homem novo que diz povo
E morre devagar de morte certa.
Homem é quem anónimo por leve
Lhe ser nome o nome própria traz aberta
A alma à fome fechado o corpo ao breve
Instante em que a denúncia fica alerta.
Herói é quem morrendo perfilado
Não é santo nem mártir nem soldado
Mas apenas por último indefeso.
Homem é quem tombando apavorado
Dá o sangue ao futuro e fica ileso
Pois lutando apagado morre aceso.
Manuel Alegre
in "O Canto e as Armas"