Eremita das trevas























Observo as trevas.

As ervas
que apalpo na polpa da escuridão
são apenas tretas da poesia
e orvalho de lágrimas
ouço as trevas num luto
só e só quando me escruto!

Não sei
se sou eu a noite
- a noite o que é senão noite? -
mas sei que mordo as trevas
quando perscruto o frufru das sombras!

Sombras que me contam
as histórias dos seres que fui
antes de ser um querer que era:
um sacrifício oferecido à quimera!

Marcha na penumbra a poesia
eu fornico as sombras do dia
a noite é minha concubina
- sou eu o eremita das trevas!



Cristóvão Luís Neto