A Arte de ser poeta
terça-feira, junho 10, 2008
Sinto-me poeta
Quando bebo o ópio do teu ósculo
E ressuscito na maré-alta da tua kilapanga
Sinto-me poeta
Quando sinto a calefacção da tua nudez
A insuflar este desejo de peregrinar em ti
Sinto-me poeta
Quando desfaço o fracasso dos meus passos
No pulso do teu abraço melado e castiço
Sinto-me poeta
Quando me derreto em ti
E loucamente te contorces zumbindo
– Qual um’abelha cantarolando -
Sinto-me poeta
Quando nos encontramos a sós
Descalços & famintos
À hora da ceia p’ra refrega
Sinto-me poeta
Quando reclinas a cabeça no regalo do meu colo
E m’insinuas a escalar o teu monte-de-vénus
Sinto-me poeta
Quando me deixas brincar
Com a escultura ginecológica do teu atelier
Sinto-me poeta
Quando desfilo est’olhar geodésio
Na arquitectura poética do teu rosto de Kyanda
Sinto-me poeta
Quando oiço a sexta sinfonia
Do teu sorriso de Gioconda.
Sapyruca