A Arte de ser poeta


























Sinto-me poeta
Quando bebo o ópio do teu ósculo
E ressuscito na maré-alta da tua kilapanga

Sinto-me poeta
Quando sinto a calefacção da tua nudez
A insuflar este desejo de peregrinar em ti

Sinto-me poeta
Quando desfaço o fracasso dos meus passos
No pulso do teu abraço melado e castiço

Sinto-me poeta
Quando me derreto em ti
E loucamente te contorces zumbindo
– Qual um’abelha cantarolando -

Sinto-me poeta
Quando nos encontramos a sós
Descalços & famintos
À hora da ceia p’ra refrega

Sinto-me poeta
Quando reclinas a cabeça no regalo do meu colo
E m’insinuas a escalar o teu monte-de-vénus

Sinto-me poeta
Quando me deixas brincar
Com a escultura ginecológica do teu atelier

Sinto-me poeta
Quando desfilo est’olhar geodésio
Na arquitectura poética do teu rosto de Kyanda

Sinto-me poeta
Quando oiço a sexta sinfonia
Do teu sorriso de Gioconda.




Sapyruca
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