Duas idades iguais


























Uma criança chora na rua
Andou a brincar com outras crianças

Subiu árvores
Sujou a camisa de caju
Agora não sabe onde deixou
O seu carrinho de papelão

Chora e procura o seu carrinho de papelão

Foi um velhinho já todo curvado
Viu a guita do automóvel
Pegou nele a sorrir
Brincou e levou contente como uma criança

Toda a gente viu
Mas ninguém disse nada

O velhinho reencontrou o seu mundo puro de ingenuidades
As suas mãos tornaram-se pequeninas e saudosas

Uma criança chora na rua
Um velho brinca distante
Com um brinquedo de papelão.




Tomás Vieira da Cruz