Vivo
















Teu amor é como um lago,
límpido e transparente.
De águas calmas e profundas,
que refletem como espelho,
mas que ao mesmo tempo
aceita a luz que o penetra,
como o corpo do amante que penetra a amada
e ali permanece...
pleno em seu regaço,
sendo uno,
enquanto parte do Universo...
pleno, calmo, tranquilo
e, no entanto, vivo...
em plena ebulição.


Carmem L Vilanova

Procuro-te


















Procuro a ternura súbita,
os olhos ou o sol por nascer
do tamanho do mundo,
o sangue que nenhuma espada viu,
o ar onde a respiração é doce,
um pássaro no bosque
com a forma de um grito de alegria.

Oh, a carícia da terra,
a juventude suspensa,
a fugidia voz da água entre o azul
do prado e de um corpo estendido.

Procuro-te: fruto ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais,
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

Um pássaro e um navio são a mesma coisa
quando te procuro de rosto cravado na luz.
Eu sei que há diferenças,
mas não quando se ama,
não quando apertamos contra o peito
uma flor ávida de orvalho.

Ter só dedos e dentes é muito triste:
dedos para amortalhar crianças,
dentes para roer a solidão,
enquanto o verão pinta de azul o céu
e o mar é devassado pelas estrelas.

Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre — procuro-te.


Eugénio de Andrade
in "As Palavras Interditas"

Gosto...






















Gosto de falar de Amor como quem fala das coisas simples da Vida...
Gosto de falar de Amor assim, de forma natural...
Não sei fazer versos bonitos, rebuscados, rimas perfeitas, isso eu não sei...
Mas sei falar de Amor com a simplicidade de quem senta à mesa da cozinha para conversar e tomar uma xícara de chá com torradas ou de quem olha pela varanda agradecendo à Natureza pelo pôr-do-sol...
Simples assim... e tão belo, e tão sincero, como as coisas realmente importantes da vida!
Gosto de falar de Amor e das coisas do cotidiano...
Porque é nelas que eu encontro a grandeza e a felicidade que a Vida me proporciona...
Gestos simples, frases simples...
Um beijo, um olhar, um carinho, uma palavra de afeto, uma atenção em um momento inesperado...
Estes sim, Gestos pequenos e, no entanto, Grandes atitudes...

Gosto...
Simplesmente porque é assim que eu Sei de Falar de Amor...



Carmem L Vilanova

Assim foi... assim será













nuvem galáctica que se dissipa no espaço

se condensa

perde a aura difusa

ganha forma

e se oferece para a vida


silhueta que emerge do horizonte

se define

transforma e muda

a essência da paisagem

miragem materializada


multidão indistinta

com vida mas indefinida

de onde rompes resoluta

fénix renascida

dádiva divina


palavras dedilhadas

de um lugar indistinto

palavras que encontraram palavras

grito de revolta e pedido de socorro

solidão e esperança


intenso e idílico encontro

sentenciado por tantâlico suplicio

apenas a marcha do tempo

a verdade e a resistência

á rudeza do caminho

os libertarão do sofrimento

para o amor


assim foi

assim será



Cacusso

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O barco
















Vai barco!
Leva contigo minha solidão.
Sozinha estou.
Abandonaram-me a paz, a harmonia, a vontade de ser.
Deixaram-me aqui a padecer de sonhos e esperanças.
Esperanças que alimentam sonhos...
Sonhos que me ajudam a viver.

Vai barco!
Leva contigo minha tristeza.
A tristeza é feia e eu tenho medo.
Medo de não voltar a ser feliz como um dia fui.
Medo de me acostumar à mesmice do cotidiano.
Medo de não voltar a ver meu sorriso...
Sorriso que já não flui.

Vai barco!
Leva contigo minha amargura.
A amargura dói e faz doer.
Quero de volta minha alegria.
Alegria às vezes sinto por amar e saber-me amada;
Mas com medo de fazer sofrer.

Vem barco!
E traz contigo tudo o que perdi.
Enche-me de esperanças,
Que alimentam meus sonhos,
Que espantam essa tristeza,
Que me devolvem o sorriso,
Que expulsam a amargura,
Que me refazem de alegrias,
Que me permitem amar e querer viver.



Foto e poema de
Carmem L Vilanova

Coisa amar


















Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.


Manuel Alegre

As muralhas da Noite




A mão ía para as costas da madrugada

As mulheres estendiam as janelas da alegria

onde não se apagavem as alegrias

Entre os dentes do mar acendiam-se braços

Os dias namoravam sob a barca do espelho

Havia uma chuva de barcos enquanto o dia tossia

E da chuva de barcos chegavam colchões,

camas, cadeiras, manadas de estradas perdidas

onde cantavam soldados de capacetes

para pintar no coração da meia-noite

Eram os barcos que guardavam as muralhas

da noite que a mão ouvia nas costas

da madrugada entre os dentes do mar...




João Maimona

O Milagre da Vida














Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há-de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...
Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecível cada momento
Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a sua vida:
Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.


Albert Einstein

Uma história real!

Helen Helen Helen

Verdade





















A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.


Carlos Drummond de Andrade

Esperanças Rasgadas





Timor


Jazigo de uma alma
Que não pereceu
Nas névoas
De uma história que se perdeu
Na distância das lendas

...


Timor


Montanha de ossos
De uma valentia
Que bocas guerreiras
Abençoaram seus filhos
Para a perenidade dos dias

...


Timor


Onde a morte
só se consagra no combate
Para deter a vida
E contar a história às crianças
Que nascem para recordar

...


Timor


Onde as flores
Também desabrocham
Para embelezar
as sepulturas desconhecidas
‘em noites frias, infindáveis’

...


Timor


Onde as pessoas
nascem para morrer
pela esperança
em rasgos de dor
em rasgos de carne
em rasgos de sangue
em rasgos de vida
em rasgos de alma
em rasgos
da própria liberdade
que se alcança..
com a morte!



Xanana Gusmão

Namoro

Tarde de primavera... quem diria!!






Sinestesia

















À página «cento e vinte e sete» de Gedeão


A ti,
que eu não conheço e amo
com a intensidade das marés
em dia de calema na restinga do Lobito

A ti,
que eu não conheço e amo
com as cores das queimadas
que iluminam os planaltos do Huambo e do Bié
A ti,
que eu não conheço e amo
com o cheiro a mangas e maresia do Mussulo
A ti,
que eu não conheço e amo
no café torrado do Kwanza Sul e Kwanza Norte

A ti,
que eu não conheço e amo
com a doçura de itebe e saka-foya de Cabinda

A ti,
que eu não conheço e amo
e ainda degusto no veado e na pacaça da Quiçama

A ti, meu amor
eu ofereço toda a sinestesia
desta terra onde nasci
e onde espero um dia conhecer-te.



Anny Pereira

Primavera no quintal...




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Requiem...



















A propósito da entrevista a Jorge Miranda, hoje, na TSF, de Cavaco e da questão do seu discurso encriptado:


"Os ilustres confrades que aqui postaram a sua opinião quase seguramente não ouviram nem metade da entrevista!
Reagem salivando ao estímulo do título que a TSF colocou a encimar e que reputa como o mais importante ou, mais provavelmente, pretende seja a mensagem a rejeitar e objecto das óbvias críticas!
Tudo o que disse merece reflexão... foi esclarecedor, incisivo e não deixou de dizer o que pensa relativamente á actual situação política.
Curiosamente coincidente, com argumentação tecnica, constitucional e política, áquela que é a opinião mais veiculada neste momento.
Uma vez que ninguém ouviu... todos desataram a desancar o homem!!
Só mesmo em Portugal!!

Sobre o discurso... tem toda a razão. Aumentou a instabilidade mas, que diabo, alguém esperaria outra coisa??
O PM podia até nem ser Sócrates, mas é o PS que governa, logo...
Isto não é teoria da conspiração!!

Fevereiro de 2002, site da TSF (http://www.tsf.pt/PaginaInicial/portugal/Interior.aspx?content_id=760007), palavras de Cavaco (penso que não estão no site da presidência):

"Depois de ter elogiado as capacidades governativas de Durão Barroso, Cavaco Silva pediu ajuda de de Deus para que o PSD ganhe as próximas eleições, já que «não há mais margem de manobra para falhanços».
O antigo primeiro-ministro Cavaco Silva, considerou hoje (domingo) que «o PSD é novamente a esperança dos portugueses», porque o próximo Governo «não pode voltar a falhar».
Cavaco Silva acentuou que «não há mais margem de manobra para falhanços. Por isso, é preciso a mudança e a mudança é chamar o PSD à governação».
«Felizmente para a nossa democracia que temos um partido, o PSD, preparado para assumir responsabilidades de governação de Portugal. O PS, como grande partido que é da nossa democracia, deve ser remetido para a tarefa nobre da oposição», defendeu o social democrata.
Depois de ter feito rasgados elogios a José Manuel Durão Barroso, Cavaco Silva terminou com um pedido a Deus.
«Que Deus o ajude para que possamos dizer: Viva Portugal!», frisou o antigo chefe de Governo, conseguindo um forte aplauso dos militantes e simpatizantes presentes no Coliseu dos Recreios, em Lisboa."

Nem Deus, nem Durão Barroso... fizeram milagres! E, afinal, apesar de não haver margem de manobra para falhanços... falhou!!

Mas, para se perceber de quem se fala, a justificação para tantos lideres queimados... leiam com atenção. Uma vez mais site da TSF (http://www.tsf.pt/PaginaInicial/portugal/Interior.aspx?content_id=770852), Fevereiro de 2005:

"Leonor Beleza definiu, esta sexta-feira, o que seria para ela o cenário ideal: Cavaco Silva na presidência da República e Manuela Ferreira Leite na liderança do PSD.

Leonor Belez defende Ferreira Leite para liderança do PSD e Cavaco Silva para a presidência da República

Na primeira intervenção depois dos resultados eleitorais de domingo, Leonor Beleza definiu o que seria para ela o cenário ideal: Cavaco Silva na presidência da República e Manuela Ferreira Leite na presidência do PSD.
As declarações da ainda vice-presidente da Assembleia da República foram feitas, esta noite, na SIC Notícias.
«Há uma pessoa que eu gostava de ver na liderança do partido, e que eu gostava muito que se candidatasse a líder do partido, porque acho que ela corresponde a este perfil: (tem a) capacidade de condicionar que não se cometam erros em matérias fulcrais e, simultaneamente, fazer tudo para que o partido coloque o professor Cavaco Silva em Belém. Essa pessoa é a doutora Manuela Ferreira Leite», disse.
Leonor Beleza admitiu porém estar «convencida» que Ferreira Leite «não tem muita vontade nem interesse» em se candidatar à liderança do PSD."

Yo no credo en brujas, pero que las hay, hay!!!

Estamos, acreditem, entregues á bicharada!!
Cavaco conspira porque tem que vingar o que Soares lhe fez (a vida negra a demonstração de todos os erros), o que Sampaio "fez" a Santana Lopes.
A procissão ainda nem ao adro chegou!
Contrariamente ao que diz, o seu interesse está no poder, no partido e muito pouco em Portugal!
Para o conseguir não tem o mais pequeno prurido em, encapotadamente, ter o apoio do PCP e do BE, sobretudo do primeiro.
O que não é espantoso! A paz social que considera imprescindível (mas não o diz) só é possível com o apoio do PCP e do "empenhamento patriótico" das suas estruturas sindicais.
Para esse objectivo o PS... é negligenciável... não interessa e até é "conveniente" o afastamento!
Veremos, no próximo governo de iniciativa presidencial - porque não vai haver eleições!! - estas coisas espantosas!

Tem a sua visão, que rejeitou na famosa declaração á PIDE, e não vai parar!
Mas ninguém, minimamente atento, esperaria outra coisa!

O aventureirismo paga-se... e vamos voltar a pagar!
Ninguém se queixe... o bom senso e a memória são coisa que não abunda por aí...

Pela minha parte vou remeter-me ao silêncio... e á observação divertida do que vai acontecer!
A minha ficha já deve estar bastante completa... e, como tantos interesseiros neste país, também tenho a minha vidinha para tratar.
A participação tem limites e riscos... que não vou correr!

Há muito que perdemos a consciência, vagueamos alcoolizados por lugar nenhum, contentes com o facto de nos termos permitido deixar de pensar pela nossa cabeça!!"

"(...) Quando morreu a consciência do povo, falou-se em autoridade do governo e lealdade dos cidadãos."
(Lao-tsé)

Que vença a DEM-OCRACY !!

Human Planet

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Amigo
















A vida tem destas coisas!!
Surpreendente.
Vale a pena, nas palavras mais simples contar esta pequena história.

1972, M'banza Congo, na altura São Salvador do Congo.

Frequento o 3º. ano dos Liceus no Liceu Salvador Correia de Sá.
Somos 13.
Eu, o Afonso Belarmino, o Quim, o Quim', a Francisca, a Ilda, a Bertina, o Jinho, a Catarina... e mais 4 colegas que não esqueci mas que o tempo apagou os seus nomes da minha memória.
No 4º. ano éramos apenas 9.
Bons colegas, bons amigos, bons alunos.
Estudei com muitos deles, jogámos, entreajudámo-nos... vivemos aventuras.
Entre todos, tornámo-nos grandes amigos eu e o Afonso!

1974, o 25 de Abril.

A debandada, a separação, a amargura de amigos perdidos e a dúvida permanente se terão ou não sido bafejados pela sorte no turbilhão de acontecimentos que se seguiram...
O receio pela eventual interrupção de vidas de amigos com grande valor, que seriam, não fosse a guerra, importantes para o seu país.

Tempo passa inexoravelmente, anos sobre anos...
Nunca perdi a esperança de saber por onde andava, o que tinha acontecido ao Afonso.
As guerras sucederam-se.
1996, voltei a Angola... e voltei a procurar pelo Afonso.
Nada!
Parecia ter sido engolido pelo tempo!

1997, tenho o meu primeiro computador... e, de tempos a tempos faço buscas.
Nada. Do Afonso, nem o rasto parece ter ficado!
Mas não desisto.
2009, o Quim'... por artes de magia encontra-me!
2010, uma busca no Facebook, pela enésima vez...
Aparece-me um Afonso Belarmino, não alimento muita esperança... nem fotografia tem.
Pode ser um qualquer.
Mas reparo numa outra pessoa com o mesmo apelido...e investigo.
Era filha de Afonso Bernardino...e a mãe dela tinha também facebook...
Por um "milagre" (podia estar bloqueado o acesso ás fotos) a ilustre senhora apresenta uma fotografia do seu jeitoso, como lhe chama...
Olho a foto... e dou um salto!
O jeitoso é, nada mais, nada menos que o Afonso Belarmino.
A foto "diz-me" ter sido tirada no metro de Lisboa (!!???) á aproximação da estação de Alameda!
Surpreendente!

Consigo com alguma rapidez estabelecer os contactos necessários para poder, finalmente, saber algo do meu amigo!
E consigo.
Está em Luanda, nesta altura... mas viveu quase três décadas em Lisboa!!
Já falámos, recordámos velhos tempos, grandes amigos... e aguardamos o momento do abraço!

Kandandu, amigo!

Celebremos a amizade, neste poema de O'Neill.


Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».

«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!

«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!

«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.

«Amigo» é a solidão derrotada!

«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!



Alexandre O'Neill




Aldeia da Coelha
















Screenshot do filme em Visão



«Na Aldeia da Coelha, Cavaco Silva tem por vizinhos Oliveira Costa e Fernando Fantasia, homens-fortes da SLN. Um loteamento que nasceu à sombra de muitas empresas e off-shores. A escritura do lote do Presidente da República não se encontra no Registo Predial de Albufeira. O próprio não se recorda em que cartório a assinou. Um dos promotores da urbanização, velho amigo e colaborador de Cavaco, diz que a propriedade foi adquirida "através de um permuta com um construtor civil".» [Visão]

Convém visitar a Visão
Convém ler este texto em "O Jumento"

Convém averiguar a origem de tantos lapsos de memória de Cavaco Silva.
Convém tirar conclusões.

Todos tratam da sua vidinha... deixando para os outros os sacrifícios.
Mesmo que se fale dos mais desprotegidos, dos idosos, das crianças em risco ou da repartição equitativa de sacrifícios.

Ela carrega com tudo






























Ela carrega com tudo;
A criança e o medo da doença.
A roupa lavada com lágrimas
...Os restos para o jantar;
O que conseguiu encontrar.
A crueldade do seu homem,
Adormecido pelo maruco,
Perdido por outras mulheres.
Ela carrega com tudo;
A cubata que vai abaixo,
Engolida pelos "senhores",
As torres que vê ao longe,
Feitas de vidro e ganância
O futuro em que não acredita,
O passado que só cheira a morte.
Mas ela carrega com tudo.
E vai direita, elegante, no seu andar.
E, apesar do tudo que ela carrega,
Ainda tem força para sonhar.



Gonçalo Afonso Dias
In Forum Kandando Angola

Desabafos...


















Quanto mais acompanho a campanha eleitoral para a Presidência da República (e já agora a postura, motivação e obra dos candidatos)... mais vontade tenho de ver uma Monarquia Constitucional em Portugal.

Apenas esta figura (rei) poderá unir de novo o país em volta de um ideal e acabar de vez com as ameaças institucionais.
Os segundos mandatos dos Presidentes da República têm sido, sem excepção, de um golpismo, partidarismo e sectarismo sem limites.

Todos os poderes facticos convergem no sentido de criar condições para nova sessão de golpes.

Avalie-se!!

A manhosa explicação do... mísero professor!




Se anda por aí um certo senhor a quem teimosamente pretendiam que o nariz crescesse, quer abrisse a boca ou estivesse calado... o que dizer desta pérola??

Cartoons... apropriados











"Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros"

O artigo que publicarei em seguida, respigado de "O Jumento", obrigou-me a recuar largos anos até ao momento em que Francisco Louçã e seus "compagnons de route" chamavam a atenção dos media pela forma "subversiva" como efectuavam campanha eleitoral.
A provocação e algumas verdades incisivas tornaram-se populares porque os media disso fizeram eco considerando o cinzentismo de todos os outros intervenientes.
Era necessário dar um toque colorido á campanha e nada como o PSR para o fazer.

No entanto este toque colorido é válido apenas se o objectivo fôr coincidente.
Quando o alvo não é o mesmo ou é inconveniente... naturalmente, como todos os jornalistas bem sabem fazer, ridicularizam, mesmo que de forma subliminar.
Óbvio!

A liberdade de expressão, a igualdade de tratamento e, acima de tudo, a ausência de comentários "jornalisticos" antes, durante ou após os clips noticiosos devem constituir uma obrigação e um dever deontológico a seguir.

Marcelo Rebelo de Sousa é comentador, pode por isso dizer o que lhe aprouver.
José Alberto Carvalho, Clara de Sousa ou outros... devem abster-se de comentários.
Compete-lhes dar a notícia e esperar que o telespectador use a sua própria inteligência para formar uma opinião.

Honra a José Manuel Coelho, pela sua coragem e trajecto pessoal e político e a Catarina Carvalho que soube, exemplarmente, separar o trigo do joio.


«Venho falar-vos do candidato presidencial que devia estar a ser o centro das atenções: José Manuel Coelho. Por mais nenhuma razão - nem política, nem ideológica, nem pelas próprias regras da campanha - do que por critérios meramente jornalísticos, José Manuel Coelho é o candidato perfeito, pelo menos para jornalistas que ainda não se esqueceram que uma das sua principais funções é satisfazer a curiosidade do público. Um desconhecido, um homem do povo, estucador de profissão, ardina nas horas vagas, que se candidata a presidente, um deputado madeirense de um partido ultraperiférico que resolve saltar para o panorama nacional (coisa que o próprio Jardim nunca teve coragem de fazer), um ex-comunista que se 'aggiornou' e não tem medo de dizer que o regime que defendeu matou muitos milhões (coisa que o Partido Comunista Português nunca concedeu), um homem que fala sem as habituais papas que a concorrência coloca nas línguas dos candidatos que pretendem, ainda, fazer carreira na política nacional.
José Manuel Coelho seria sempre um candidato de estouro. Mas é-o ainda mais nestas eleições já decididas. Aposto que, desta vez, o povo português perdoaria aos meios de Comunicação Social alguns devaneios não enquadráveis nas regras de uma cobertura eleitoral equitativa, mas que lhes levaria ao conhecimento algo para pensar. E, até, sorrir. E estamos todos tão necessitados disso.
Papagueamos sobre a ausência de interesse da política e dos políticos, culpamo-nos pela falta de relação entre o povo e a classe dirigente, e quando irrompe um homem que não podia ser mais autêntico, até na sua honestidade de dizer que não está aqui para ganhar, o que lhe fazemos? Ignoramo-lo? Não. Pior que isso. Tratamo-lo como se fosse um candidato sério, igual aos outros.
Jornalistas com créditos firmados como entrevistadores, como Judite de Sousa ou Henrique Garcia, fazem-lhe perguntas tão sérias como as dos outros candidatos, como se José Manuel Coelho precisasse do escrutínio democrático de qualquer candidato que tenha possibilidades de chegar a presidente. Nas duas entrevistas que deu, à RTP e TVI, pretenderam fazê-lo cair em contradições ou em soudbytes políticos. Quem precisa de soudbytes quando tem aquele slogan de campanha? Reportagens sobre reportagens descrevem as suas acções de campanha sem a mínima ironia...
José Manuel Coelho é o único fenómeno interessante destas eleições e a mim, que conjugo a dupla condição de jornalista e público, o que me interessa é a sua história, a história de um homem do povo que foi do PCP numa pequena ilha (antes e depois do 25 de Abril), que era o maior vendedor do "Avante" em Portugal, foi à União Soviética em 1981 a convite do "Pravda" e não gostou do que viu, um estucador com consciência política, com espírito crítico suficiente para ser anti-Jardim na hegemónica ilha da Madeira, e que, sabendo que será sempre minoritário, opta pela loucura como forma de oposição, uma loucura tão grande que o leva até à candidatura nacional à Presidência da República. Deste homem, não quero mais opiniões. Os factos chegam-me. Ou terá o sistema político e o seu espelho, o jornalístico, já esquecido de que matéria é feita a vida real? »


Por Catarina Carvalho in [JN]

Preço da liberdade...

















«No dia 4 de Janeiro, Salmaan Taseer, o governador do Punjab, a província mais populosa do Paquistão, foi morto com 27 balas disparadas por um polícia que o protegia. Ontem, Sherhbano Taseer escreveu no New York Times sobre o seu pai: um homem dedicado ao Paquistão tal como este foi fundado por Muhammad Ali Jinnah, em 1947 - um estado secular. Hoje o Paquistão é um Estado minado por terroristas islâmicos como Mumtaz Qadri, o polícia assassino. Mas o fundador Jinnah quis um país em que todos os cidadãos frequentassem os templos ou as mesquitas, ou nenhum, como quisessem. Jinnah foi o primeiro advogado em Londres originário da península indiana e da Inglaterra adoptou convictamente a democracia. Apesar de mumificado num mausoléu e considerado o Pai da Nação, as ideias de Jinnah já não têm muitos adeptos no Paquistão actual. Por isso a sentença estava lavrada contra o seu seguidor, o governador do Punjab que visitava as minorias religiosas quando eram vítimas dos ataques dos fundamentalistas. Por isso o polícia assassino foi recebido com beijos quando chegou ao tribunal. No texto sobre o seu pai, Sherhbano Taseer cita Juvenal: "Quem guardará os próprios guardas?" Citar um poeta latino de há dois mil anos no Paquistão de 2011 não é só uma demonstração de cultura. É uma bela provocação: é afirmação de que o mundo é mais vasto do que querem os barbudos ignorantes. »



Por Ferreira Fernandes em [DN]

Ver artigo in "
The Daily Beast"