Os 2 primeiros poemas da Impaciência


I

Tatuagens de lua
no corpo quente
da terra-mãe

e assim nua nua
no leito vermelho
virginal ainda
ela espera a semente
que tarda a chegar

que tarda a chegar

II

Que venham
mas não de braços cruzados

aqui amigos
o sexo vermelho da terra
lateja de febre e de cio

é preciso saciá-lo
e depressa

que venham
sim que venham
mas repito não de braços cruzados

aqui amigos
aqui
a terra fenece
na fome de arados
que tardam em chegar

que tardam a chegar

ah! que tardam tanto a chegar


Rui Nogar