Exílio
domingo, agosto 28, 2005
Longe embora cidade peráclita
a língua se nos cole ao céu da boca
se vier o olvido.
Banhas-te connosco em águas de desterro
flutuas sempre por nossa boca
nas praias da memória.
Nos dias mais soalheiros da diáspora
és tu quem materna vem dizer «aqui estou»
à emoção que nos habita.
Marulham outras águas aqui
mas quando as invocamos é Baía do Espírito Santo
o nome que nos corre á boca.
São lembranças que viajam para ti
mãe estuante que nos deste o leite e o mel
hoje por tão longe dissipados.
Fonseca Amaral
in revista Caliban nº. 2, Novembro 1971