Venha o novo ano 2007! Pior que 2006 não será, por certo!
domingo, dezembro 31, 2006
Este ano não deixa, mais uma vez, motivos de saudade...
Internamente, a estatística acima não explica tudo, mas é uma preciosa ajuda para se entender os motivos por que uma taxa cada vez mais significativa de população vive nos limites da pobreza ou abaixo destes.
Fica-me na retina e na memória «a festa» que foi o acordo que possibilita a passagem do Ordenado Mínimo Nacional para 500 € em 2011.
Convenhamos que é uma proeza!!!
Continuamos a ganhar por tabelas quase terceiro-mundistas e a pagar e a descontar como se vivessemos na Noruega, com cada vez menores garantias de futuro e com ameaças muito sérias no horizonte.
Vimos a mais absurda e despudorada luta do estado, enquanto empregador, contra os seus próprios colaboradores.
Neste processo o estado, como a generalidade dos políticos, «pegam de empurrão» pelo sector privado e/ou pela comunicação social.
De notar que são exactamente quem «empurra» os mesmos que são compulsivamente «subsidio-dependentes», que acusam os trabalhadores de não serem produtivos - os mesmos que correspondem a 25 % da força produtiva do mais evoluído e bem sucedido país da UE - o Luxemburgo, p.e.,os mesmos que apresentam lucros fabulosos, cada vez maiores, a cada ano que passa e os mesmos «empreendedores» que são responsáveis pela elevada informalidade da economia que, a continuar assim, em breve será só comparável a igual taxa em Angola.
Com profundíssima mágoa o digo mas, pior nem Salazar conseguiu, mesmo quando baixou salários aos funcionários públicos para conter dificuldades orçamentais. Nessa altura os funcionários viviam com ordenados de miséria e o que os fez permanecerem a trabalhar para o estado foram dois princípios - a garantia de trabalho até á aposentação e a isenção de Imposto Complementar (ex-IRS).
Hoje, as garantias são cada vez menores, pretende-se a todo o transe que os funcionários abandonem funções, criando legal ou artificialmente uma infindável série de dificuldades. Mais perto que nunca encontra-se o momento em que as classes dirigentes da função pública começarão a abandonar o barco, dada a degradação e a falta de estímulo e apoio.
Veremos até onde é que a situação poderá cair!
Este ano o país perdeu (??) um presidente-palavroso, sério mas que nunca se impôs... e ganhou (??) um outro estratégicamente-colaborante. Conceitos das originalidades á portuguesa...
Vimos Bush ser finalmente derrotado nas urnas, sem apelo nem agravo.
Vimo-lo também ter que engolir em seco, ele e todos os defensores da famosa «Cimeira das Lages», o facto de que no Iraque as coisas não só não estão a correr bem como, pior de tudo, para todos, a importantíssima Guerra contra o Terrorismo sofreu, por essas e por outras, revezes importantes.
Vimos a «orquestração» contra interesses e representações da Dinamarca, pelas caricaturas do profeta.
Vimos o Líbano ser destruído, mais uma vez, pelos seus vizinhos.
Vimos a Coreia do Norte transformar-se em potência nuclear e a ameaça de o Irão ser o próximo regime ditatorial a obter o mesmo estatuto.
Vimos a continuação da miséria e da fome em vastas áreas do planeta.
Vimos a guerra voltar ao «corno de África».
Vimos a instabilidade manter-se em Timor-Leste e, ao que parece ser alimentada por interesses neo-coloniais.
Não vimos e não sei se veremos eleições parlamentares e presidenciais em Angola.
Vimos, rimos de gôzo, chorámos de raiva com as peripécias do «Apito Dourado» e de todo o folclore e impunidade que envolve todos os personagens envolvidos como se de uma qualquer loja maçónica se tratasse.
Perdemos Mário Cezariny e James Brown.
Ao desaparecimento de Pinochet e Saddam, acrescente-se o de Gerald Ford que, com Kissinger, deu a benção, em Djacarta, ao ditador Suharto, para invadir e anexar Timor-Leste, causando centenas de milhares de mortos.
E não houve boas notícias???...
De repente, lembro-me apenas desta.
Exemplar, por sinal.
Desejo a todos os um ano de 2007 replecto de saúde, prosperidade, sonhos e projectos concretizados.
Um 2007 que nos fique na memória pelas melhores de todas as razões!
Abraço.