Desde criança que meu Pai me ensinou não haver tempestade na terra ou nos céus que não traga a praga de um falso herói salvador da Cidade. Ou a esperança de um semideus com um raio na Mão que tudo destrói para pintar depois o sol e o Chão de outra realidade. Mas nunca encontrarás traidores entre os que sempre como eu sonhamos combustões de novas flores com pétalas de asas de liberdade que só nascem e crescem regadas pelos gritos e lágrimas das multidões.
No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta. E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro: no canteiro, urna violeta, e, sobre ela, o dia inteiro, entre o planeta e o Sem-Fim, a asa de urna borboleta.
Caminhos trilhados na Europa de coração em África Saudades longas de palmeiras vermelhas verdes amarelas tons fortes da paleta cubista que o Sol sensual pintou na paisagem; saudade sentida de coração em África ao atravessar estes campos de trigo sem bocas das ruas sem alegrias com casas cariadas pela metralha míope da Europa e da América da Europa trilhada por mim Negro de coração em África. De coração em África na simples leitura dominical dos periódicos cantando na voz ainda escaldante da tinta e com as dedadas de miséria dos ardinas das cities boulevards e baixas da Europa trilhada por mim Negro e por ti ardina cantando dizia eu em sua voz de letras as melancolias do orçamento que não equilibra do Benfica venceu o Sporting ou não. Ou antes ou talvez seja que desta vez vai haver guerra para que nasçam flores roxas de paz com fitas de veludo e caixões de pinho: Oh as longas páginas do jornal do mundo são folhas enegrecidas de macabro blue com mourarias de facas e guernicas de toureiros.
Onde há casas menores com portas abertas por sobre os espaços que a luz orna entre as palmeiras e vultos que amanhecem envoltos em lençóis de que a noite suja escorreu a manhã pousa nos pulsos das mulheres que se elevam com ela e meninos negros alteiam-se no flanco das mães de olhos que a esperança já estria Os comerciantes assoam-se de varanda para varanda retribuem devagar a amizade Que os meninos trazem para fora das tarefas diárias as luas carcomidas no sítio das fogueiras enfiadas murmuramente em seus colares.
................................................... Vôvô Bartolomé, ao sol que se coava da mulembeira por sobre a entrada da casa de chapa, enlanguescido em carcomida cadeira vivia - relembrando-a - a história de Teresa mulata
Teresa Mulata!
essa mulata Teresa tirada lá do sobrado por um preto d'Ambaca bem vestido, bem falante, escrevendo que nem nos livros!
Teresa Mulata - alumbramento de muito moço - pegada por um pobre d'Ambaca fez passar muitas conversas andou na boca de donos e donas...
Quê da mulata Teresa?
A história da Teresa mulata... Hum... Vôvô Bartolomé enlanguescido em carcomida cadeira adormeceu o sol coando das mulembeiras veio brincar com as moscas nos [lábios ressequidos que sorriem Chiu! Vôvô tá dormindo! O moço d'Ambaca sonhando...
abertas bem abertas estão as mãos para abraçar esta manhã sem nuvens
ontem (não importa já o pôr-do-sol nas buganvílias) ontem (murchas estão agora as flores das coisas que eram coisas nada mais) ontem havia medo até no caminhar das rolas sobre a areia.
A poesia de hoje é a voz do povo Todo o mundo o mundo até de algum silêncio persistente Quer romper e rompe a mancha que da noite inda nos fala. Ó admirável sangue a pulsar em cada estrela O sol é negro e ilumina A imensidão deste perfume Que nos traz a flor da chuva
O sol é negro e brilha dos vulcões De cada peito independente. Madrugada de fevereiro Sou angolano!
Sete horas húmidas, algures. Progressão, fardas ensopadas. Silêncio nos corpos, silêncio na terra de combate. Estacas calcinadas.
O piar das aves, o olhar súplice. Dois tiros quase num só eco. O desabar de folhas ramos rápidos. Um grito incerto.
Missão cumprida, meta adivinhada. Febre sem alma ou acordo. O peso súbito de um morto caindo nos meus ombros estreitos ou nos ombros estreitos da minha miséria.
Ruy Cinatti (1970) in "Guerra de África" - Angola 1961-1974 de Rui de Azevedo Teixeira
O que é transcrito em seguida a este pequeno comentário, em qualquer país onde seja, de facto, vigente um Estado de Direito Democrático teria consequências imediatas. Em Portugal este tipo de situações entra directamente no anedotário nacional e faz as delícias das conversas de café... No fim subsistirá o nacional-porreirismo que tende a transformar "líderes" destes em heróis, primeiro, e a seguir em vítimas, nada acontecendo. Esta situação é absolutamente insustentável, vergonhosa, indecente e atentatória dos mais elementares direitos e deveres civilizacionais. Equivale a uma confissão voluntária dos ilícitos e espera-se que as entidades e personalidades do mundo da justiça, algumas bem visíveis na blogosfera, façam um pequeno intervalo na "Guerra a Alberto Costa" para fazerem qualquer coisa! O fanatismo (e todas as manifestações a ele associadas) tem que ser combatido com justiça, de uma forma isenta, global, sem paixões... esteja onde estiver, venha de onde vier! O que aqui está descrito nada tem a ver com desporto ou a paixão a ele associada!
Fernando Madureira o líder da claque dos super dragões lançou um livro, escrito claro está por outra mão, o jornalista Filipe Bastos, e com a chancela da editora Gaiense. Tem relatos onde se pode ler a descrição de tudo, raptos, assaltos, agressões, ódios e paixões… aqui ficam alguns trechos desta pérola:
BENFICA INIMIGO,PORTUGAL "AMIGO" "O BENFICA é o nosso inimigo mortal. É ponto de honra derrota-los, dentro e fora das quatro linhas."
Benfica-F.C.P (1992) - "Depois da festa, foi o fim do mundo. Distribuímos pancada por tudo o que fosse vermelho.""Surgiu a ideia de criar os ultras Portugal com elementos dos super dragões e da claque do Sporting. A primeira viagem foi contra a Itália.(...) No caminho, o Borrego lançou um concurso que consistia em ver qual era a claque que mais roubava (...) Foi o caos em Andorra! Lojas e mais lojas cheias de maquinas de filmar, roupa, tabaco...Tudo à mão de semear. Ficamos em transe."
Guimaraes-F.C.P. (1994) - "Houve um policia que se armou em esperto e deu uma bastonada num gajo. Veio outro por trás, deu-lhe uma sarda, ele ficou lá esticado."
Braga-F.C.P.(1995) - "Pelo que se comentava, muito do pessoal tinha notas falsas para comprar os bilhetes e ainda trazer troco."
Juventos-F.C.P (2001) - "Abri o cortinado das hospedeiras e vi o Aleixo e o Caveira aos beijos e aos apalpanços (...) Os outros começaram a puxa-las, a dar-lhes surras no cu e a apalparem-nas...Depois, o co-piloto começou a falar comigo a explicar que tinham roubado a carteira ao comandante. Ele estava fodido e já queria aterrar o avião, antes do tempo! (...) Os cães sentiram o cheiro a ganza que os gajos fumaram durante o voo..."
Corunha-F.C.P(2003) - "Só os vi em cima dele a disputarem o telemovel, a camisola, as calças, o dinheiro. Quando me apercebi do que ele estava a dizer vi que era espanhol. Não queria acreditar que tinham raptado um puto de 17 anos. Os cabrões, como íamos de porta aberta, viram o chavalo e meteram-no para dentro do autocarro. Fiquei cego e enchi-os de porrada."Vocês, são doidos! Se queriam roubar, roubassem antes de entrar".
M.United-F.C.P. (2004) - "Nunca vi uma coisa daquelas no free shop. Até montras de ouro tinha. Foram dez minutos. Uma rapadela total."
Agora questiono-me eu... será que a justiça anda a dormir enquanto o senhor tem a distinta lata de escrever os seus próprios crimes e não se faz nada????? Ou será que não são crimes suficientes para se colocar a hipotese de o prender???? Ou haverá qualquer outra razão???
As palavras que desenhei na areia O mar as levou em lembrança Os meus segredos de criança O mar os contou à sereia.As conchas do mar também ficaram Com os meus segredos do anoitecer Tudo o que os meus avós me sussurraram Ainda estava por tecer.Os estilhaços da minha infância Ficaram emulsionados na força da água Os versos feitos em minhas mágoas Também ficaram em turbulência.O mar levou o meu amor A filha do gra-marinheiro Pois ela partiu primeiro Sem escutar o meu clamor.
Uma tentativa frustrada de actualização de template causou, entre outros problemas, a perda de alguns links. Aos amigos temporáriamente não citados as minhas desculpas. Tentarei rápidamente repôr tudo no devido lugar.
Foto de Jean-Marc Bouju, da Associated Press, vencedora da World Press Photo 2003. A fotografia tirada a 31 de Março de 2003, ilustra um iraquiano que conforta o filho de quatro anos, num campo de prisioneiros de guerra em Najaf, no Iraque.
Poderia dizer, Flores na explosão Mas não há flores Nem folhas...
Poderia dizer, Água suja de sangue Mas não há água Nem sangue... Só há pessoas Sem sangue E sem nome!
Não há carne Só fome! Vejo crianças, bombas, Motores de tanque que ronca
Trágica ditadura Interrogatórios e tortura Da maior nação Que nem sequer Jogou flores sobre o caixão.
Meus ouvidos ouvem cada vez menos das conversas, meus olhos vão ficando mais fracos, mas não se fartaram.
Vejo suas pernas em minissaias, em calças compridas ou tecidos voláteis,
Observo uma a uma, suas bundas e coxas, pensativo, acalentado por sonhos porno.
Velho depravado, é a cova que te espera, não os jogos e folguedos da juventude.
Não é verdade, faço apenas o que sempre fiz, compondo cenas dessa terra sob as ordens de uma imaginação erótica.
Não desejo a estas criaturas, desejo tudo, e elas são como o signo de uma convivência extática.
Não é minha culpa se somos feitos assim, metade contemplação desinteressada, e metade apetite.
Se após a morte eu chegar ao Céu, lá deve ser como aqui, só que me terei desfeito da obtusidade dos sentidos e do peso dos ossos.
Tornado puro olhar, sorverei ainda as proporções do corpo humano, a cor da íris, uma rua de Paris em junho de manhãzinha, toda a incompreensível, a incompreensível multidão das coisas visíveis.
(extracto do discurso de 28 de Agosto de 1963, junto ao Lincoln Memorial, Washington D.C.)
I say to you today, my friends.
And so even though we face the difficulties of today and tomorrow, I still have a dream. It is a dream deeply rooted in the American dream.
I have a dream that one day this nation will rise up and live out the true meaning of its creed: "We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal."
I have a dream that one day on the red hills of Georgia, the sons of former slaves and the sons of former slave owners will be able to sit down together at the table of brotherhood.
I have a dream that one day even the state of Mississippi, a state sweltering with the heat of injustice, sweltering with the heat of oppression, will be transformed into an oasis of freedom and justice.
I have a dream that my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character.
I have a dream today!
I have a dream that one day, down in Alabama, with its vicious racists, with its governor having his lips dripping with the words of "interposition" and "nullification" -- one day right there in Alabama little black boys and black girls will be able to join hands with little white boys and white girls as sisters and brothers.
I have a dream today!
I have a dream that one day every valley shall be exalted, and every hill and mountain shall be made low, the rough places will be made plain, and the crooked places will be made straight; "and the glory of the Lord shall be revealed and all flesh shall see it together."²
This is our hope, and this is the faith that I go back to the South with.
With this faith, we will be able to hew out of the mountain of despair a stone of hope. With this faith, we will be able to transform the jangling discords of our nation into a beautiful symphony of brotherhood. With this faith, we will be able to work together, to pray together, to struggle together, to go to jail together, to stand up for freedom together, knowing that we will be free one day.
And this will be the day -- this will be the day when all of God's children will be able to sing with new meaning:
My country 'tis of thee, sweet land of liberty, of thee I sing.
Land where my fathers died, land of the Pilgrim's pride,
From every mountainside, let freedom ring!
And if America is to be a great nation, this must become true.
And so let freedom ring from the prodigious hilltops of New Hampshire.
Let freedom ring from the mighty mountains of New York.
Let freedom ring from the heightening Alleghenies of Pennsylvania.
Let freedom ring from the snow-capped Rockies of Colorado.
Let freedom ring from the curvaceous slopes of California.
But not only that:
Let freedom ring from Stone Mountain of Georgia.
Let freedom ring from Lookout Mountain of Tennessee.
Let freedom ring from every hill and molehill of Mississippi.
From every mountainside, let freedom ring.
And when this happens, when we allow freedom ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual:
Free at last! Free at last!
Thank God Almighty, we are free at last!
A 4 de Abril de 1968 foi assassinado em Memphis,Tennessee.
“Eis a cidade morta, a solitaria Goa seus templos alvejando num palmar enorme! Eis o Mandovy-Tejo, a oriental Lisboa, onde em jazigo régio imensa gloria dorme”
Jaz em tristeza imersa a tétrica cidade! O turbilhâo dourado, o estrondear da festa envolve-os em seu corpor a mística saudade e abisma-os no mistério a pávida floresta.
Nós somos do passado a tímida memória buscando os seus avós no palmeiral funéreo que apenas sobredoura um ténue alvor de gloria como de fátua luz se esmalta um cemitério”
Suam no trabalho as curvadas bestas e não são bestas são homens, Maria!
Corre-se a pontapés os cães na fome dos ossos e não são cães são seres humanos, Maria!
Feras matam velhos, mulheres e crianças e não são feras, são homens e os velhos, as mulheres e as crianças são os nossos pais nossas irmãs e nossos filhos, Maria!
Crias morrem à míngua de pão vermes na rua estendem a mão à caridade e nem crias nem vermes são mas aleijados meninos sem casa, Maria!
Do ódio e da guerra dos homens das mães e das filhas violadas das crianças mortas de anemia e de todos os que apodrecem nos calabouços cresce no mundo o girassol da esperança
Ah! Maria pôe as mãos e reza. Pelos homens todos e negros de toda a parte pôe as mãos e reza, Maria!
Oh as casas as casas as casas as casas nascem vivem e morrem Enquanto vivas distinguem-se umas das outras distinguem-se designadamente pelo cheiro variam até de sala pra sala As casas que eu fazia em pequeno onde estarei eu hoje em pequeno? Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco? Terei eu casa onde reter tudo isto ou serei sempre somente esta instabilidade? As casas essas parecem estáveis mas são tão frágeis as pobres casas Oh as casas as casas as casas mudas testemunhas da vida elas morrem não só ao ser demolidas ela morrem com a morte das pessoas As casas de fora olham-nos pelas janelas Não sabem nada de casas os construtores os senhorios os procuradores Os ricos vivem nos seus palácios mas a casa dos pobres é todo o mundo os pobres sim têm o conhecimento das casas os pobres esses conhecem tudo Eu amei as casas os recantos das casas Visitei casas apalpei casas Só as casas explicam que exista uma palavra como intimidade Sem casas não haveria ruas as ruas onde passamos pelos outros mas passamos principalmente por nós Na casa nasci e hei-de morrer na casa sofri convivi amei na casa atravessei as estações respirei - ó vida simples problema de respiração Oh as casas as casas as casas
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seu maridos, orgulho e raça de Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem, imploram Mais duras penas Cadenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas Quando eles embarcam, soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas E quando eles voltam sedentos Querem arrancar violentos Carícias plenas Obscenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos, bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar o carinho De outras felenas Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas Helenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Geram pros seus maridos os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade Nem defeito nem qualidade Têm medo apenas Não têm sonhos, só tê presságios Lindas sirenas Morenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos, heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas E as gestantes abandonadas Não fazem cenas Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem Às suas novenas Serenas Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos, orgulho e raça de Atenas