Sinos d’alma




















Eu não vivo
vivo disperso no mar cósmico
a minha existência é uma nuvem
eu não vivo
porque vivo a inconstância do ser.

Eu não vivo
vivo o grande conflito
entre as estrelas e os deuses
então me esqueço
dissipo-me nas trevas do Universo
então me vendo ao existencialismo de Sartre
e afogo-me no álcool da teodiceia.

Desisto: a vida viveu-me
aspirando os meus parcos desejos.
Não existo:
dei à Vida a minha vida!



Cristóvão Luís Neto